Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

19 de junho de 2016

We are Brasil

O tal do modismo nos empurra para um abismo desleal. Por vezes eu tenho a sensação que estamos pragmaticamente perdidos.

Perdoem-me senhores, mas não vi manifestação além das fronteiras sobre o maior desastre ambiental do Brasil em Mariana/MG, sobre aquele menino do Rio de Janeiro, João Hélio, nem sobre o estado crítico de nossa política. Não vi que “we are” para o estupro coletivo, não vi “we are” para a modelo e apresentadora Ana Hickman, não vi “we are” para as vítimas da boate Kiss. Entenda, anunciar o fatídico é uma coisa, ter comoção generalizada, é outra bem diferente.

Será que somos todos Brasil depois do último jogo da seleção que levou a sua desclassificação da copa América? Será que somos todos Brasil com essa vontade de mudar de país pela quantidade de impostos e essa crise de desempregos? Será que somos todos Brasil com essa violência desenfreada?

Ninguém foi Brasil com a famosa derrota dos 7x1, ninguém foi mais Brasil com a votação do impeachment, ninguém foi mais Brasil quando retiraram os cobertores dos moradores de rua de São Paulo, enquanto os termômetros seguiam em temperaturas baixíssimas. Ao contrário, fomos menos e estamos menos.

Mas vejo pessoas extremamente sensibilizadas pelos atentados que ocorrem pelo mundo afora. Nas punições de outros países. Nos crimes de outras nacionalidades. O brasileiro é aquele sujeito solidário, que sabe ser um leão na rede social e um gatinho frente aos problemas sociais.

Não é colocar uma bandeira colorida em rede social e pensar que já deu sua contribuição social para a humanidade, sendo que aqui continuará sendo homofóbico e odiando os gays. Ninguém que ser da favela, do morro ou de um vilarejo. Ninguém que ser benevolente com vítimas do desabafamento da igreja evangélica.

Em ano de eleições percebo que levaremos mais rasteiras com essas atitudes. Enquanto não abandonarmos o pensamento mesquinho, e abraçar o plural, teremos muitas dores de cabeça.

Amigos, é fácil se convalescer com a dor do outro, contudo, precisamos ser mais Brasil, onde se mata negro, favelado, mulheres e crianças TODOS OS DIAS. É preciso se comover com a criança que pede esmola. O SUS mata TODOS OS DIAS pela falta de medicamentos e equipamentos básicos. O terrorismo aqui é ver pacientes jogados em corredor por falta de leitos.

Precisamos de “Pray for Brasil” e que isso venha do mundo inteiro.

Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A Região publicada no dia 18 de Junho de 2016.


*We are: somos todos (tradução livre)

*Pray for Brasil: Reze pelo Brasil (tradução livre)

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