O tal do modismo nos empurra
para um abismo desleal. Por vezes eu tenho a sensação que estamos pragmaticamente
perdidos.
Perdoem-me senhores, mas não
vi manifestação além das fronteiras sobre o maior desastre ambiental do Brasil
em Mariana/MG, sobre aquele menino do Rio de Janeiro, João Hélio, nem sobre o
estado crítico de nossa política. Não vi que “we are” para o estupro coletivo,
não vi “we are” para a modelo e apresentadora Ana Hickman, não vi “we are” para
as vítimas da boate Kiss. Entenda,
anunciar o fatídico é uma coisa, ter comoção generalizada, é outra bem
diferente.
Será que somos todos Brasil
depois do último jogo da seleção que levou a sua desclassificação da copa
América? Será que somos todos Brasil com essa vontade de mudar de país pela
quantidade de impostos e essa crise de desempregos? Será que somos todos Brasil
com essa violência desenfreada?
Ninguém foi Brasil com a
famosa derrota dos 7x1, ninguém foi mais Brasil com a votação do impeachment,
ninguém foi mais Brasil quando retiraram os cobertores dos moradores de rua de
São Paulo, enquanto os termômetros seguiam em temperaturas baixíssimas. Ao
contrário, fomos menos e estamos menos.
Mas vejo pessoas
extremamente sensibilizadas pelos atentados que ocorrem pelo mundo afora. Nas
punições de outros países. Nos crimes de outras nacionalidades. O brasileiro é
aquele sujeito solidário, que sabe ser um leão na rede social e um gatinho
frente aos problemas sociais.
Não é colocar uma bandeira
colorida em rede social e pensar que já deu sua contribuição social para a
humanidade, sendo que aqui continuará sendo homofóbico e odiando os gays.
Ninguém que ser da favela, do morro ou de um vilarejo. Ninguém que ser
benevolente com vítimas do desabafamento da igreja evangélica.
Em ano de eleições percebo
que levaremos mais rasteiras com essas atitudes. Enquanto não abandonarmos o
pensamento mesquinho, e abraçar o plural, teremos muitas dores de cabeça.
Amigos, é fácil se
convalescer com a dor do outro, contudo, precisamos ser mais Brasil, onde se
mata negro, favelado, mulheres e crianças TODOS OS DIAS. É preciso se comover
com a criança que pede esmola. O SUS mata TODOS OS DIAS pela falta de
medicamentos e equipamentos básicos. O terrorismo aqui é ver pacientes jogados
em corredor por falta de leitos.
Precisamos de “Pray for
Brasil” e que isso venha do mundo inteiro.
Juliana Soledade
*We are: somos todos (tradução livre)
*Pray for Brasil: Reze pelo Brasil (tradução livre)
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