Vivemos nessa mania de
diminuir a quem nos servem. É difícil dá um sorriso de bom dia ao frentista ao
abastecer o carro com um monte de cavalos, é difícil tratar o camelô com
dignidade por ser alguém que está na corda bamba da informalidade para garantir
o leite dos filhos, ou não. É ‘desnecessário’ convidar a empregada para dividir
o almoço na mesa.
É um problema que se parece
com o carnegão. Está lá dentro, embutido no brasileiro e para extrair dá um
trabalho miserável, mas é notoriamente indispensável.
Não adianta pagar de revolucionário
de novos tempos do Brasil quando é incapaz de reconhecer o serviço de uma
mulher trabalhadora, alegando que ela tem menos direito (?), que é mais frágil
e aquele monte de babaquice que a gente tá cansado de saber.
Não consigo entender quais
são essas lutas coletivas que estamos travando, seja ela a homofobia, o
racismo, o machismo ou o ‘seachismo’. Não resolve ir às ruas gritar pelo povo
oprimido, fazer terapia, doação à criança esperança, se o garçom é maltratado,
se o porteiro é ‘terceira-classe’, se trata o manobrista como o gatuno de
coisas alheias, e se a moça que faz o café é como a preta serviçal.
Precisamos absorver que
conceito de gente não é apenas quem está na mídia, não é quem tem dois milhões
de likes em rede social, e tampouco
aquele político que não te representa. Gente não é só quem tem dinheiro no
banco, pose no avião ou a roupa elegante no barco branco.
Amigo, trate bem o outro, é
só um conselho, mas esqueça de que é preto, preta, gay, pobre ou nordestino. Isso
é apenas um mero detalhe que não deveria fazer a menor diferença.
No total, somos sete bilhões
de seres, sete bilhões de verdades ou não, somos sete bilhões de aflições. E
você perdendo tempo em escolher quem merece nosso aperto de mão?
Vai amigo, mete o pé na
porta e derruba esse preconceito, principalmente a discriminação com aquele que
desempenha uma atividade a seu favor.
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicada no dia 01 de Julho de 2016.
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