Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

2 de julho de 2016

O poder da discriminação


Vivemos nessa mania de diminuir a quem nos servem. É difícil dá um sorriso de bom dia ao frentista ao abastecer o carro com um monte de cavalos, é difícil tratar o camelô com dignidade por ser alguém que está na corda bamba da informalidade para garantir o leite dos filhos, ou não. É ‘desnecessário’ convidar a empregada para dividir o almoço na mesa.

É um problema que se parece com o carnegão. Está lá dentro, embutido no brasileiro e para extrair dá um trabalho miserável, mas é notoriamente indispensável.

Não adianta pagar de revolucionário de novos tempos do Brasil quando é incapaz de reconhecer o serviço de uma mulher trabalhadora, alegando que ela tem menos direito (?), que é mais frágil e aquele monte de babaquice que a gente tá cansado de saber.

Não consigo entender quais são essas lutas coletivas que estamos travando, seja ela a homofobia, o racismo, o machismo ou o ‘seachismo’. Não resolve ir às ruas gritar pelo povo oprimido, fazer terapia, doação à criança esperança, se o garçom é maltratado, se o porteiro é ‘terceira-classe’, se trata o manobrista como o gatuno de coisas alheias, e se a moça que faz o café é como a preta serviçal.

Precisamos absorver que conceito de gente não é apenas quem está na mídia, não é quem tem dois milhões de likes em rede social, e tampouco aquele político que não te representa. Gente não é só quem tem dinheiro no banco, pose no avião ou a roupa elegante no barco branco.

Amigo, trate bem o outro, é só um conselho, mas esqueça de que é preto, preta, gay, pobre ou nordestino. Isso é apenas um mero detalhe que não deveria fazer a menor diferença.

No total, somos sete bilhões de seres, sete bilhões de verdades ou não, somos sete bilhões de aflições. E você perdendo tempo em escolher quem merece nosso aperto de mão?

Vai amigo, mete o pé na porta e derruba esse preconceito, principalmente a discriminação com aquele que desempenha uma atividade a seu favor.


Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A Região publicada no dia 01 de Julho de 2016.

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