Eu amo o mar e preciso
começar o texto com essa afirmativa: sim, eu amo o mar.
Tomei o primeiro banho de
mar com poucos meses de vida, não sei se o choro foi de medo ou emoção e desde
então nunca mais nos abandonamos. Cresci beirando o litoral, sempre banhada com
água salgada, na praia era água de mar, longe dela era o suor e lágrimas.
Vovô me fez ser corajosa: ensinou-me
a remar, incentivou a mergulhar e me doutrinou a respeitá-lo; a ouvir os seus
sinais, a rezar sem dizer uma só palavra; a deixar a areia enterrar os pés com
as marolas. Eu não conheci outra pessoa tão apaixonada pelo mar quanto Vô, e devo
os primeiros ensinamentos a ele.
No mar eu desatraco do cais
de meus limites e me ponho a navegar em rumos desconhecidos, no entanto,
absurdamente familiar. No mar eu sou concha, sou marola, sou loca de pedra e
peixe. No mar eu tenho vida. A dor sempre parece menor e o amor sempre se
esparrama. A nossa relação é tão profunda, íntima.
Há alguns anos tatuei uma
gota na perna que apesar de existir dois grandes significados, um deles é
referenciando o mar, a santa água salgada, que me acalma e me transforma.
A água quando chega à
cintura me sinto uma sereia pronta para navegar rumo ao lar novamente. Um
sorriso escancarado e os olhos fechados para ouvir o que ninguém entende: os
seus signos, as suas dores, os seus amores. Um mergulho vale como um abraço, o
vai e vem de ondas é um passo de dança.
No último final de semana
tive a oportunidade de mergulhar com cilindro no Porto da Barra em Salvador,
desejo antigo. Após uma semana de vento forte e chuva, o mar ficou turvo e
agitado, mas não menos encantador.
Com equipamentos de segurança
e um instrutor capacitado, encaramos a imersão. Poderia reafirmar sobre a
beleza do mar, sobretudo do fundo de suas águas, mas prefiro dizer que o mar
jamais será incrivelmente lindo se não for com prudência e cuidado, e isso a
equipe do Submerso SUP Dive tem de sobra. Bons equipamentos e profissionais competentes
faz toda a diferença.
Com Robson fui uma sereia
liberta. Entreguei-me a respiração serena e as nadadeiras ritmadas. Ali onde
reina beleza, com uma infinidade de cardumes de peixes, corais e cavalos
marinhos. Fomos inteiros, completos.
A maré sempre recua clamando
saudade. Eu sempre vou embora querendo ficar, querendo morar bem em frente ao
mar. Sou pertencente à água salgada. Consinto com Dorival Caymmi, “era doce
morrer no mar”, porque a cada volta parte de mim fica por lá...
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 14 de Maio de 2016
Contato da Submerso Sup Dive (71) 3035-3095 / 98705-6860 - Localizado no Porto da Barra, Salvador/BA.
Categorias:
crônica,
Jornal,
Juliana Soledade,
Maio,
mar
Contato da Submerso Sup Dive (71) 3035-3095 / 98705-6860 - Localizado no Porto da Barra, Salvador/BA.