Perfeição, nada mais do que
isso. Ter uma boa companhia não é fácil de encontrar, unir com paisagens sempre
se desdobram como deliciosas cartas no baralho. O riso funciona com
regularidade. O equilíbrio de energias, a inspiração e expiração também.

Uma caminhada frente às águas transparentes que refletidas no céu transformavam-se em um azul
encantado, decorando o mar apenas alguns barcos ultra luxuosos. O sol pronto
para nos deixar coradas e cansadas o suficiente para esperar a próxima novidade
(ou vista) da vida.
Era horrível um final de
semana em Trancoso, sobretudo a hora do adeus. Uma imparcialidade desumana. Uma
vista contrastada com o paraíso. Dentro do meu bem-estar físico, psíquico
fiquei arrasada, melhor, ficamos arrasadas. Como abandonar tudo aquilo, uma
típica vidinha de madame e tornar a vida profissional em questão de horas?
Diante da praia dos amores ou da praia do espelho, eu não tinha nada a fazer, nem pensar, nem sofrer. É como se sonhasse com os olhos abertos e esse mesmo sonho fosse real. O bater de ondas era sinfonia para as nossas conversas, a única testemunha de nossas confissões e diálogos, esquecendo os naufrágios e assinando calmaria em cada passo, cada foto, cada símbolo, cada lembrança gerada.
O domingo quando se aquietou
foi capaz de deixar lágrimas, o perfume do verão e uma penumbra antes do
regresso. Acabou doendo até os ossos o momento do adeus. Dentro de um conforto
absoluto em desfrutar uma presença tão desejada era capaz de sentir um ligeiro
sofrimento à demora de alguns meses para outro reencontro. Graças que ele
sempre chegava, e se reinventava para cultivar reminiscências e apontamentos,
fotografias e registros. Tudo tão genuíno, sem firulas ou frescuras.
Realmente, ter uma boa companhia
é o mesmo de ter boas viagens, bons momentos e excelentes risadas. É contar os
dias para o próximo encontro, é fazer as malas e embarcar sabendo que nunca
retornaremos da mesma maneira, sempre com algumas dúvidas e outras respostas,
com alguns inícios e outros fins, insistindo vez ou outra a abrir a janela do
recomeçar.
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 21 de Maio de 2016
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