Iniciei os meus estudos
naquele colégio, ainda bem pequena. Foi ali que dei os meus primeiros tombos,
que aprendi a rabiscar, desenhar e escrever. Foi ali que aprendi o que era
autoridade longe de casa, entre muitos puxões de orelha e pisões no pé, entre castigos de olhar para a parede ou escrever
milhões de vezes a mesma frase. Foi ali que aprendi a pular o muro, a descobrir
esconderijos e a matar aula. Foi ali que aprendi a ser encrenqueira, a
manipular os colegas e fazer ser temida. Foi ali que aprendi a rezar, que me
tornar conhecida e que aprendi a ler.
O Colégio Ação Fraternal
reúne os meus primeiros passos na vida; dos bons aos ruins, sem distinguir. Dali
saíram amigos, saberes e sabores para a minha existência. E mesmo sem
frequentar a sala de aula todos os dias, indiretamente continuo adicionando
diariamente novos aprendizados.
Foi na AFI que me permitiram
sonhar. De onde saíram os meus primeiros escritos, e lá mesmo foram
eternizados. O meu primeiro livro saiu desse colégio, na antiga terceira série.
Foram poemas e poesias reunidos. E posso dizer que foi na AFI que também me
ensinaram o que é ter sonhos realizados. Tem coisa melhor?
No último dia 25 de maio
tive a oportunidade de me reunir entre uma meninada animada para falar sobre
literatura, justamente nesse colégio que sempre fui acolhida com os braços e
coração aberto.
Ouvidos atentos à
oportunidade de ter os seus primeiros contatos com escritores, com olhos que
mal piscavam; é incrível como existe a mágica de poder conhecer aqueles que
lemos – e admiramos – seja qual for o estágio de vida. Para eles memória, para
nós memórias também. Os olhos cintilam independentemente da posição em que
estamos.
Confesso que a melhor parte
não é ser somente escritora, o mais gostoso é saber que entre milhares de
olhinhos curiosos tinha um par de olhos negros brilhando em minha direção, e
burburinhando com os coleguinhas ao lado: - é minha mãe!
Nessa arte de juntar
palavras eu me transformo todos os dias. E Quem diria que tempos depois eu me tornaria a
escritora mais realizada que possa existir? Bom, ninguém diria, nem eu.
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicada no dia 28 de Maio de 2016.
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