Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

2 de abril de 2016

Nós dois

A maioria dos casais não escolhe namorar quando se conhece, tampouco já dá o primeiro beijo pensando nos filhos resultantes daquele ato, ou depois da primeira conversa sai anunciando o pretendente como o marido/esposa até o fim dos dias.

Começamos a intuir que aquele investimento vai dar certo quando os sorrisos se entrelaçam numa conversa séria, quando os abraços são os mais desejados no meio de uma multidão, quando percebemos a frequência que os pés se unem à noite, quando temos prioridade em ser o primeiro "bom dia" e último "boa noite". A vida começa a ficar mais alegre, isso é fato.

Por mais que tivéssemos ambos saído de relacionamentos afirmando que passaríamos um longo período na estiagem, que daríamos um tempo desses namoros superficiais, que não queríamos tentar novamente ‘por agora’. Aí pimba!, acontece e pronto, as juras de solteirice caem por terra. Você já vai acordar pensando no príncipe que deveria ter chegado a cavalo, mas que chegou apenas com um olhar e para você está de bom tamanho.

É sempre muito curioso quando começam as apresentações desajeitadas sobre o novo ‘affair’: a mãe sempre diz que é para cuidar bem do bom rapaz; o pai sempre olha atravessado para a paixão da filha; a vizinha da avó fica agoniada para visitar a amiga e conhecer garota que chegou de mãos dadas; e se tiverem filhos de relacionamentos anteriores, é preciso sempre uma dose de cautela e cuidado, afinal o que antes era exclusivo passará a ser ‘dividido’. Mas a convivência se encarrega de mostrar que cada um tem o seu lugar organizado: o namorado da mamãe não chegou para substituir ninguém, e vice-versa.

O melhor de tudo é crer que, para o amor, assim como para a felicidade, não é preciso plateia, que a vida segue o seu curso normal sem tantas satisfações ao universo. Porque num mundo onde tudo é absurdamente virtual, faz bem viver esse amor de verdade, livres dos grilhões do destino.

No fundo, apesar das mutações afetivas do novo século, um relacionamento é acreditar que todos os mil parafusos serão ajustados ao longo da convivência, que teremos o colo para acolher, e uma história incrível para acreditar, apostar e viver como se fosse a última.

Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 02 de Abril de 2016

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