Como nos
proteger de uma doença que assola sem dó nem piedade, e cada vez mais mutante.
O governo entrega dezenas de insinuações possíveis sobre o caso; os hospitais
acolhem os doentes a torto e a direita, que se antes já sofriam com
superlotações e qualidades limitadas, o que poderá se dizer com a atual
situação? O que temos são apenas especulações, suposições, e hipóteses das mais
divers
as.
No início
a microcefalia era ligada a Zika, depois mudaram de opinião e culparam a vacina
de rubéola, o larvicida, em seguida retornaram para a tal Zika, descartaram e
voltaram a crer que tamanho problema está ligado com um mosquito tão pequeno,
minúsculo.
A
indústria farmacêutica está lucrando com os remédios paliativos, com a venda
excessiva de repelentes e as farmácias assim como os hospitais sempre lotados,
falta pouco para distribuir senha de atendimento.
Num
intenso desafio de viver, as gestantes sustentam o medo e vive um drama surreal,
as crianças microcefálicas guerreiam num mundo incompleto e inseguro para elas.
É bom fazer lembrar que o governo federal, quiçá estadual ou municipal estão
acolhendo as crianças com microcefalia, bem como as famílias. Uma total falta
de assistência. E isso é documentado diariamente nas mídias.
Uma coisa
é inegável, o Zika vírus é fruto de uma doença que evoluiu na incompetência de
uma saúde preventiva eficiente. Não sabemos quando essa onda de epidemia vai
cessar. São mais de 4.000 casos de bebês com microcefalia. E não é apenas um
cérebro menor do que o aceitável são crianças com inúmeros comprometimentos,
que incluem a visão, audição e uma síndrome muito mais grave do que podemos
imaginar.
Vivemos
fugindo do mosquito como o diabo da cruz. Não sabemos quando as mulheres
poderão voltar a engravidar com segurança, não sabemos do abalo em nossa
imunidade e nem garantias sobre uma doença que surgiu entre nós em menos de um
ano.
Diante da
situação de risco e de informações ambíguas, só nos resta uma boa dose de
cautela. E torcer para que com a chegada do inverno e condições climáticas mais
amenas, possa diminuir a proliferação do mosquito e a sua infestação.
Mas quem
apontar como o causador num país de baixa escolaridade, em grave crise
econômica, níveis insatisfatórios de saneamento básico, uma falta absurda de
água e prestação de saúde vergonhosa. É difícil apelar para o otimismo.
Não há
relatos de uma virose transmitida por mosquito se disseminou tão depressa na
história recente da humanidade. Faz medo, meus caros.
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 24 de março de 2016
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