Após convidar um pintor que
já trabalha comigo há bastante tempo, fomos aos detalhes:
- Então, estou querendo
substituir esse azul por branco, o friso por dourado e o ‘encardido
desbotado’
por um marrom-claro que se chama areia.
Algumas sugestões e acordos
firmados sobre a data de inicio e data do fim, lista da material em mãos e rumo
às compras com preços pela hora da morte.
Ao desembarcar nessas lojas
de materiais de construção os homens sempre nos olham com um olhar de
prepotência como se não estivéssemos sabendo exatamente o que estamos indo
comprar. Mal sabem eles que já temos loja e vendedor preferido, e produtos
escolhidos previamente. Bem como uma consulta antecedente em todas as lojas
possíveis no nosso raio de alcance.
Apesar de poder contar com
uma eficiente ajudante, um ‘simples retoque’ é capaz de sujar todos os móveis e
todos os cômodos com um pó branco capaz de irradiar as mais possíveis alergias.
Um ‘simples retoque’ significa idas e vindas a lojas de material de construção
em busca do dourado perfeito para o detalhe do sanca do gesso, e a lista de
materiais sempre triplicam do inicial. Para o nosso desespero, no meio do
serviço percebemos que a data estipulada será maior do que a prevista.
Do meio para o fim, embora
com todo o desespero tomamos gosto por aquilo que nos agrada e vamos investindo
no nosso bem estar, no nosso refúgio, no nosso cantinho desejado nos momentos
de cansaço e de tranquilidade. Ter uma casa aconchegante é qualidade de vida, e
disso eu não abro mão. Nem do meu conforto, nem do meu deleite.
Não somos tão sexo frágil
assim, tocar uma pintura, uma obra ou uma empresa, parece difícil, os desafios
são imensos, inclusive aqueles que absorvemos ao longo dos anos por ser uma
tarefa masculina. Bom, confesso que fiz uma escolha errada, mas no restante acertei
em cheio aos meus desejos. E isso é o que importa.
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 16 de Abril de 2016
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