Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

6 de fevereiro de 2016

Carnaval


- Que dia você vai para Salvador?


- Amanhã, às cinco e meia da manhã.

Logo após das despedidas ao pé do portão, disparei um mensagem “mesmo sabendo que amanhã você vai estar na maior festa popular do mundo sem mim, vá e aproveite. Você tem idade e maturidade para isso. Talvez seja confiança, talvez seja tranquilidade de quem não se esquenta com besteira”.

Foto: Submerso SUP Dive
Após o segundo casamento compreendi que não se faz necessário a insegurança em um relacionamento por menor ou maior que seja. A lição apareceu na primeira união, mas não fui capaz de aprender, e como aqueles meninos que precisam repetir a série na escola, o aprendizado só foi digerido no segundo matrimônio.

Afirmo todos os dias ao acordar: somos sujeitos livre para voar, e condicionado para voltar. Nossas asas podem nos levar para qualquer lugar, às vezes armadilha, às vezes salvação. Essa escolha é somente nossa.

Aprendi errando que o respeito é o pilar de todos os sentimentos, é a base. O começo, o meio e o fim. O amor não se sustenta sem ele, é como se dependesse diretamente deste arcabouço, que aparentemente simples, é o desenho de toda estrutura.

Não quero senhas, cifrões, ou satisfações. Não credite em mim esperança em cobranças desnecessárias, dolorosamente aprendi que quanto menos cobrança mais leve a vida se torna. Isso se chama confiança, em mim e no outro.

Não quero viver em prisões de redes sociais, em euforia para o mundo, entre beijos apaixonados com plateia. Demorou, mas a maturidade chegou dizendo bem baixinho no ouvido que o maior prazer da existência é o silêncio de alguns momentos.

No final das contas, é fácil entender que uma festa é apenas mais uma festa, que a farra com os amigos é um momento indispensável, e que a vida do outro é tão livre quanto a nossa. Que matar a sede hoje nem sempre significa que temos água fresca para beber no dia seguinte.

Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A região, publicada no dia 06 de Fevereiro de 2016.

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