Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

23 de janeiro de 2016

Odisseia da vida perfeita

Outro dia parei frente à televisão e fiquei abobada com a terapia intensiva dos comerciais em busca da vida perfeita, já faz cinco anos que não assisto televisão. Primeiro por não encontrar opções inteligentes na rede aberta, e segundo por preferir utilizar esse curto tempo em atividades mais rentáveis.

Desculpem o blá blá blá, mas estamos envoltos numa vida de perfeição, de cartões de créditos ilimitados, de extremos. Uma busca insana pelo corpo perfeito de Gabriela Pugliese; pela energia de Ivete Sangalo, treinos que cansam apenas de ver pelo ‘Snapchat’. Hugo Gloss com uma vida badalada com os famosos, onde nada parece ter limite.

Estamos nos arriscando o tempo inteiro pelo perfeito (sem sermos completos ou inteiros), e será que de fato existe isso? Estou inserida nisto também, quando digo que quero um sorriso impecável como o de Ana Hickmann, o condicionamento físico de um corredor profissional, ou todos os sapatos da última coleção. Por horas é preciso ser mais consciente, coerente. Pé no chão, falta para mim também, confesso.   
Até as crianças são imbuídas nessa vida de conto de fadas: as férias precisam ser inesquecíveis, as mochilas escolares, bem como todo o seu material precisa ser melhor do que todos os outros colegas. É viagem para a Disney com o dólar pela hora da morte, é roupa da melhor marca, sapato importado, bonecas reborn idênticas a um bebê (e que custam uma pequena fortuna).

Por favor, PAREM!! Vamos nos aceitar com aquela estria que nasceu a partir da gravidez, do quilinho a mais ou do hormônio desregulado. Abandonem as cismas pelas celulites, definitivamente, elas não têm culpa de nada para receber tanta carga negativa. Aceitem quando uma programação não deu certo. Troquem a cerveja gourmet pela água de coco ou pela cachaça ruim de boteco.

Estamos pagando um preço cada vez mais alto pelos padrões impostos pela sociedade e pela mídia. Esquecemo-nos da saúde, das nossas limitações, e de amor-próprio. O que importa nessa vida é abandonar as amarras que criamos por uma vida tão perfeita para de fato se unir pela leveza que podemos ter/ser. Assim, sozinhos, sem depender de ninguém, ao não ser a nossa própria companhia. Beleza e feiura é fácil acostumar, só não é possível conviver com a loucura do perfeito.

Vaidade, tudo é vaidade...

Juliana Soledade


Crônica produzida para o Jornal A Região, publicado no dia 23 de Janeiro de 2016.

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