Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

21 de novembro de 2015

Acidentes ou tragédias?

Ao que parece 2015 será um ano marcado por grandes tragédias, e por pessoas querendo medir o tamanho de cada uma delas, culpando a ausência de proteção divina sobre atitudes irracionalmente humanas.  

No início do ano um avião destruiu primariamente 150 vidas, nos Alpes Franceses, consequentemente, muitas outras foram atingidas. Pais que perderam seus filhos, maridos que não deram o último beijo, filhos que não receberam o derradeiro abraço. E quem levou a culpa? Um piloto que foi diagnosticado com depressão e estava inapto para exercer a sua atividade, porém omitiu os fatos até quando conseguiu.

O terremoto no Nepal matou nove mil pessoas, e deixou mais de vinte e três mil feridos. E muitos se perguntaram, onde estavam todos os deuses do hinduísmo que não evitaram tamanha tragédia? Provavelmente estavam onde sempre estiveram.

Em seguida aquela imagem angustiante do menino sírio de três anos de idade que morreu afogado ainda permeia a nossa memória, ali era apenas a pequena mostra dos tantos barcos em condições nada convenientes que deixavam países do Oriente médio e da África, de centenas de refugiados não chegaram ao seu destino.

A vingança destilada de ódio em nome de Allah, neste ano, começou na França com o massacre no jornal sátiro francês. E seguiu em nome do fanatismo durante todo o ano. E eu penso: quantos inocentes sacrificam suas vidas, sem terem outra escolha?

O rompimento dos rejeitos de mineração em Mariana/MG causou uma das maiores catástrofes ambiental do país e sabe que paga a conta? Isso mesmo... eu, você, seu pai, seu vizinho. Mas a nossa conta é bem pequena, a tarifa maior é de quem não tem água, não tem comida, de quem teve a sua casa arrastada, de quem perdeu a vida, dos animais que estão morrendo, da flora. A pior conta mesmo é do Rio doce que não foi poluído, o Rio doce não existe mais. E ‘zefini’.

A Chapada Diamantina está se acabando em chamas, supostamente criminosa. E por conhecer aquela região, eu me pergunto: como alguém pode destruir essa preciosidade? 

Eu tenho medo desse mar de lama que assola nossas vidas, enquanto pessoas digladiam nas redes com: “medir dor”, “competição de tragédia”. Não percebem a grandiosidade disso tudo. Serão pessoas tentando se refazer por décadas por cada uma dessas catástrofes. Serão animais extintos, leitos de rios que nunca mais serão os mesmos, famílias que se acabaram. É algo que afeta e atinge a TODOS, em diversas esferas. Estamos dispostos num rastro de terror e desespero, todos os dias.

O mais deprimente é que aqueles que se mostraram sensibilizados por Paris ou Mariana, pouquíssimos transformaram isso em atos ou atitudes. Gestos virtuais são apenas para ‘inglês ver’, mas mesmo assim culpam Deus, que nem na tragédia do Éden pôde atentar contra a liberdade da criatura.

Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A Região, publicada no dia 21 de Novembro de 2015. 

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