Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

19 de setembro de 2015

A blindagem da presidente

Trocar o discurso no desfile de sete de setembro por uma mensagem na internet foi uma das inúmeras bizarrices de nossa presidente. Não satisfeita, fechou o desfile com um muro de aço e se manteve a quilômetros de distância do povo que elegeu. Dada a palavra para início do desfile, vaias intermináveis.

Custei a acreditar que o dever cívico que sempre se vestiu de verde e amarelo, passou para a vergonha escancarada adornada de preto. Como numa via de mão dupla, perdemos o respeito e ridicularizamos uma figura pública que representa a nação. Passamos a protestar pela água, pela comida e pela dor alheia. Criminalizamos o sistema.

Após as eleições, as promessas são de aumento de impostos e serviços básicos, diferente do período eleitoral, onde o fantástico mundo de Alice no país das maravilhas parecia alcançável, hoje o cumprimento das juras são realidades pesarosas, como uma penitência violenta.

Dilma provou que a vaca pode tossir, penalizando a classe trabalhadora e diminuindo os direitos que foram garantidos por anos de luta, inclusive pelo partido militante que ela representa.

Articulações maquiavélicas contra o povo, para suprir um rombo gigantesco que beneficiou poucos escolhidos. Delações premiadas que tiranizam com capacidade intelectual de muitos.

Das três notícias da semana que assombram: a suspensão de concursos públicos, congelamento do ajuste dos servidores e a sugestão da nova CPMF, em contrapartida, carros luxuosos são substituídos no Senado. Se a esperteza é crucificada, na política é requisito obrigatório.

A moeda nacional desvalorizada, as obras do PAC são suspensas, cortes nas mil e umas bolsas do governo. A gasolina só aumenta, a bandeira continua vermelha na conta de luz, contenção no FIES e tem greve em diversos setores. É, meus caros, a travessia será longa, já que até o gás não aguentou a pressão.

Como num jogo de xadrez, os peões já caíram, cavalos, bispos e torres são derrubados lentamente, restando apenas à rainha para proteger a sua majestade. Como no tabuleiro, o rei está em xeque.

A política brasileira abandonou os conceitos de Bobbio, deixando de ser do povo, para o bolso. Enriquecimento ilícito e maracutaias ilimitadas. O melhor eu não garanto, mas o pior vem a galope.

Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A Região, do dia 19 de Setembro de 2015.

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