Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

29 de junho de 2015

Sexta-feira santa

De repente começou a caminhar leve e foi na direção dela. Encarava com os olhos quase sorrindo, um gesto de expressão malicioso. Encarou-o também, quase sorrindo também, com vergonha, mas com entrega. Ele usava uma calça jeans desbotada e camisa branca, uma cara de ladrão de coração alheio. Olhava de baixo para cima, encarava na cintura até os ombros. Sacudia levemente a cabeça a encarando cada vez mais, e cada vez mais perto.

Tinha partículas de suor no corpo da moça. Aliás, todos ali estavam suados, mas não conseguia enxergar ninguém além dele. Poderia até ter visto antes, mas não sabia onde. Ela já caminhou por muitos lugares, ele parecia também já ter caminhado por muitos lugares. Não havia lugares, estavam no lugar. Havia um movimento incontestável, e instigante, os lábios se mexiam como um convite, os braços como um abraço a envolvê-la.  E chegando cada vez mais perto, morno.

A sua mão máscula pressionou o ombro. A delicada mão apertou sua cintura. Os seus olhos encararam dos pés a cabeça, percebeu os cabelos molhados, o decote generoso, os quadris por baixo do vestido, os pés mal acomodados no sapato de salto, levantou a cabeça e cravou seu sorriso próximo do dela. Também suado, lambuzou a sua mão no rosto, ela fez o mesmo, estendeu a mão aberta e alisou o rosto dele, disse qualquer coisa que ele não entendeu. Quando questionada, disse com todas as letras: “você é gostoso!”. Era apenas um corpo sedento por outro corpo.

“quero você”, ele disse. Ela retrucou que queria naquele momento, “agora”. O sorriso foi ainda mais largo. Agarrou a sua cintura fina, carregou para um lugar mais reservado e com a boca entreaberta se aproximou e não se importando com quem estava presente, se beijaram como dois carentes. Apesar de não se conhecerem, se agarraram como dois famintos.

A língua dele lambou o pescoço, a língua dela invadiu o ouvido dele, depois se encontraram encharcadas. Tiraram as roupas um do outro e mal tiveram tempo para admirar o físico audacioso. Apertaram um contra o outro, pareciam metades perdidas que se encontraram. Tudo tão bem encaixado. Tão conexo. Não deu para rolar na cama ou na areia, o espaço era limitado, o espaço era apenas provocar ainda mais prazer. Do prazer até explodir em êxtase e para novamente não saber se já se conheciam. 


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