De repente começou a caminhar
leve e foi na direção dela. Encarava com os olhos quase sorrindo, um gesto de
expressão malicioso. Encarou-o também, quase sorrindo também, com vergonha, mas
com entrega. Ele usava uma calça jeans desbotada e camisa branca, uma cara de
ladrão de coração alheio. Olhava de baixo para cima, encarava na cintura até os
ombros. Sacudia levemente a cabeça a encarando cada vez mais, e cada vez mais
perto.
Tinha partículas de suor no corpo
da moça. Aliás, todos ali estavam suados, mas não conseguia enxergar ninguém
além dele. Poderia até ter visto antes, mas não sabia onde. Ela já caminhou por
muitos lugares, ele parecia também já ter caminhado por muitos lugares. Não
havia lugares, estavam no lugar. Havia um movimento incontestável, e
instigante, os lábios se mexiam como um convite, os braços como um abraço a
envolvê-la. E chegando cada vez mais
perto, morno.
A sua mão máscula pressionou o
ombro. A delicada mão apertou sua cintura. Os seus olhos encararam dos pés a
cabeça, percebeu os cabelos molhados, o decote generoso, os quadris por baixo
do vestido, os pés mal acomodados no sapato de salto, levantou a cabeça e
cravou seu sorriso próximo do dela. Também suado, lambuzou a sua mão no rosto,
ela fez o mesmo, estendeu a mão aberta e alisou o rosto dele, disse qualquer
coisa que ele não entendeu. Quando questionada, disse com todas as letras:
“você é gostoso!”. Era apenas um corpo sedento por outro corpo.
“quero você”, ele disse. Ela
retrucou que queria naquele momento, “agora”. O sorriso foi ainda mais largo.
Agarrou a sua cintura fina, carregou para um lugar mais reservado e com a boca
entreaberta se aproximou e não se importando com quem estava presente, se
beijaram como dois carentes. Apesar de não se conhecerem, se agarraram como
dois famintos.
A língua dele lambou o pescoço, a
língua dela invadiu o ouvido dele, depois se encontraram encharcadas. Tiraram
as roupas um do outro e mal tiveram tempo para admirar o físico audacioso.
Apertaram um contra o outro, pareciam metades perdidas que se encontraram. Tudo
tão bem encaixado. Tão conexo. Não deu para rolar na cama ou na areia, o espaço
era limitado, o espaço era apenas provocar ainda mais prazer. Do prazer até
explodir em êxtase e para novamente não saber se já se conheciam.