Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

17 de abril de 2015

Para Vovô


Itabuna, 17 de Abril de 2015

De repente o jardineiro passa com a tesoura e leva todas as minhas forças. A segunda quinzena de abril tem esse poder. Parece que vou perder a seiva e com ela todas as minhas energias se esvaziam. Seca por dentro a ponto de achar que é irremediável, somente na lembrança do seu olhar, nas suas palavras, no seu rosto sereno e no seu coração é que faz meus ‘brotos’ começarem a reviver novamente. Assim, abandono espaços vazios de solidão e passo a abrigar outra vez a luz da esperança.

Quantas vezes foi a minha terapia natural? Digamos que era a minha homeopatia, a erva-cheiro. Contigo Vô, me sentia a vontade para falar até do desequilíbrio. Era como prender o trapézio, recolher todas as redes, e conseguir com equilíbrio e paz atravessar o longo fio sem cair. O senhor era assim, esse fio condutor, sujeito de travessias e alegrias.

A dor da perda me cegou com o egoísmo, aquilo que antes só transformava em lamento, hoje transmuto para a gratidão dos 21 anos compartilhados inteiramente ao seu lado, bebendo de um amor delicado e protetivo, desses que somente pai com açúcar pode oferecer.

Agora mais lucida do que noutros anos, a alma não está mais em frangalhos, e já não tenho mais um mar de dúvidas me assolando, o meu céu permanece azul quando elevo os meus pensamentos e percebo que a morte foi apenas uma passagem. Estaremos juntos na eternidade e caminharemos serelepes em outras dimensões.

O fato de ter encarado terapias, ter despido a minha alma e revelar além das máscaras a Juliana que chora, que é fraca e tem muitos medos, me assustou. Apresentar esse mundo ao analista me causou desconforto. Mas eu precisava me sentir inteira outra vez, e como me dizia, “a verdade, mesmo que doa, acaba curando”. E ela me curou.

Daqui, bem distante, eu fico com as lembranças e a certeza do amor sem fronteiras que partilhamos.


Juliana

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