Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

20 de abril de 2015

Nossa entrega

João Miguel,

Tudo se modifica neste mundo. Aqui estou eu no meio de minhas inquietações, completamente concentrada, escrevendo para você.  Depois do nosso último encontro naquela rua escura da cidade às duas da manhã, sou outra mulher, ou agora posso dizer que finalmente sou uma mulher. Senti por seus atos, palavras convincentes e pelo seu corpo sensual, ativo e vibrante tudo aquilo que tem para me oferecer.

A necessidade que tínhamos um do outro era tão desesperadora que poucas palavras trocamos. Nossos corpos eram capazes de responder a qualquer pergunta. Fizemos amor como dois alucinados, pude te sentir inteiro. Em seus olhos uma imensidão de estrelas brilhantes. Consegui vagar em seu fogo natural, enquanto transbordava você pedia mais. Com o nosso prazer eu me sentia plena. Em cada momento que parecia que o meu corpo elevava. Tocando-o, busquei os seus contornos e agora memorizo de olhos fechados. Descobrimos a possibilidade de nos sentir vivos descobrindo o nosso prazer no outro.

Sem medos e sem pudor. Somente amor. A cada movimento lascivo, uma sensação esplendorosa. Os nossos pedaços se uniram, não havendo distinção. O nosso amor nos transporta, porém a luxúria do prazer alvoraçados dos nossos corpos nos levou a vivências indecifráveis. Lembramo-nos de tudo, mesmo que de modo precário, nosso tempo se torna infinito. Agradamos nossas matérias e naturezas sagradas.

É como se naquela insanidade nunca estivéssemos tão sãos! Queríamos nos perder em nossos braços para que nunca mais alguém nos encontre. Fizemos de nosso amor um banquete da melhor qualidade.

Um amor que físico que atravessou todas as dimensões, sem suavizar as fronteiras entre a alma e o corpo, estávamos envoltos de tudo. Nesta condição fomos comparsas, herdeiros da paixão. Tivemos um sexo intenso, explosivo, insubordinado e ao mesmo tempo franco e carinhoso, protagonizamos entrega. Embriagamos de peles e cheiros, descobrimos o que contínhamos.  A nossa consumação agora vaga em nossas memórias. Enfeitamos o nosso picadeiro, preparando para o próximo espetáculo ainda mais real. E, agora sim, já posso morrer de tanta felicidade.

Sempre sua,

Alana

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