Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

7 de abril de 2015

Do amor, sobrou o lamento

 Meu amor,


Preciso muito te dizer que o seu dinheiro sujo não me comprou, e que as flores baratas não me conquistaram. Elas até me alegraram por um tempo, seria injusta de omitir esse fato, mas flores demais me faziam mal. Como tudo em excesso gera um desconforto inexplicável.

Passei a detestar as coisas que mais gostava. As cobranças insistentes e banais me fizeram abandonar prazeres gratuitos e simples. A música já não tinha o mesmo valor, a vontade de encontrar com os amigos tão queridos também foi aumentando dia após dia, afinal você os criticava um a um, sem dó. Os meus sonhos e projetos censurados com o tridente do diabo, tornaram a condição de possíveis de serem concretizados. As roupas definidas como proibidas, voltaram a compor meu look. E a felicidade retornou à sua morada.

Fui capaz de entrar no salão e sair devidamente como eu gostaria de me sentir, e não mais como gostaria de ser vista por seus olhos. Voltei a ter os meus desejos realizados, e as minhas pretensões saciadas.  Você não reconhecia a profissional que sou e que todos ao me redor enxergam, entretanto eu também não via o administrador que se diz ser. Pesos iguais para medidas diferentes.  

Após um desafio travado comigo de longos e intermináveis meses, percebo que cinco mil amigos em cada rede social nada dizem, e que amigos são aqueles que estão conosco nos motivando para enfrentar as batalhas e deleitando do riso insaciável nas conquistas, e não aqueles que enviam mensagens generosas sobre o que pode sugerir uma amizade, e que nunca poderá confidenciar e partilhar de uma amizade sincera.

Chegou um momento que tudo me incomodava: as tuas inúmeras marcas de expressão, o teu modo rabugento de criticar a direção do vento, a forma como determinava a altura do volume da televisão, a limitação no uso do celular, ou a obrigatoriedade de dormir naquele determinado horário. O amor foi sendo jogado do segundo andar, todos os dias.

Por fim, não obrigue as suas companheiras futuras a lhe ouvir cantar, deixe que a queira te ouvir; não exija massagens diárias nos pés e não implore por afeto. As pessoas são mais felizes quando ofertam aquilo que de fato são.


Necessito te falar que a vida é mais feliz sem você, e do amor sobrou somente o lamento.

Até,


Luciana

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