Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

15 de novembro de 2014

Labaredas


Outro dia – um dia de sol, de primavera, com o ar impregnado de luz e maresia -, ele chegou à porta daquela suíte de hotel com um andar atraente. Passos rápidos. E, antes mesmo que entrasse, ela notou que algo o acendia. Não era o mesmo que havia saído momentos mais cedo. Houve um choque ao se tocarem. Um abalo, um verdadeiro rasgo na realidade.

Não discerniam quaisquer palavras, o calor de um sussurro fez seu corpo ferver. Como uma ordem seus olhos fecharam, ele pousou seus lábios no pescoço dela, demonstrava vigor. A surpresa desse beijo – intenso, febril, criminoso, ao mesmo tempo enfeitiçado, por vir de um estranho – era a força oportuna para transformar seu dia.

Enquanto, confusa, procurava uma resposta para essa sensação indecifrável, mais abalada ficava, e sim, entregue para toda adrenalina que invadia sua matéria. Um traiçoeiro lapso de tempo. Ali, junto as suas vontades, estava o homem, frente as suas entregas. Nada havia nele incomum, sequer era sedutor, mas por algum motivo o corpo dela se fixou nele. E, no mesmo instante, o homem atraído por toda aquela beleza concedeu toda a sua febre.

Abrindo os olhos, ergueu-se, as mãos ainda cravadas em suas costas, como um derradeiro pedido de socorro. Ao encarar encontrou os olhos dele faiscando em tochas, idêntico aos dela. Virou-se e vagarosamente foi entregue a tortura, um sangue ardente correndo por todo o corpo – os dois – que agora se enlaçavam com mais firmeza.

Escorregou suas mãos pelo dorso, subindo laçou no pescoço, tomando posse do que poderia ser apenas mais uma erva daninha. Não havia mais retorno, tampouco arrependimentos. Rendida, viu seus lábios – e seu corpo - a total entrega. Assim mesmo, entre prazer e dor que se entregou ao proibido.

Cálidos, extremamente cálidos com o suor quente porejando de seus corpos, num átimo. Ele, homem impuro, estremeceu, o relógio já anunciava sua partida. Tascou-lhe o último beijo achando que nunca mais iria encontrar. Errou, como em todas as outras premonições.

Morro de São Paulo, 08 de Novembro de 2014.



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