Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

22 de outubro de 2014

Estranhos


Ele estava sob os holofotes, é verdade, mas piscou para ela, e permaneciam os olhares naquela jovem. Ela não imaginava o que seria passar mais dez minutos de sua vida sem aquele olhar, mas deu de ombros, meio desajeitada, não sabendo como lidar com essa situação.

O mundo estava entregando todas as chances para futuro esperado, o chão abria, revelando delicadezas logo adiante. Como se estivesse criando passagens para o caminho que desejava percorrer, não antes de marcar um novo encontro com a carta atirada atrás da porta.

Ele olhava para ela com olhos que a tirava de sua perspectiva e a levava para onde a música fazia parte da conversa, da caminhada e até da respiração. Não eram abreviações de seus destinos, e sim, palavras completas, que necessitavam de saliva. As únicas palavras ditas eram promessas doces de um mundo só dos dois. O sorriso dela conhece uma felicidade que ele deseja intensamente. 

Abandonaram a solidão, o preço mais cruel dos venenos e agarram lentamente ao que não respeita as razões, o amor. Dois corpos nus que dançavam em chamas, como se a eternidade fossem deles. E nesta noite, foram entregas dos seus desejos, das suas vontades, como lobos uivando na madrugada, era o ruído do mundo. Fizeram do desejo uma muleta, em constante necessidade de carregá-lo para onde for. 

O encontro dos dois sempre se revela como uma granava com o pino solto, fechando os olhos isolavam-se do mundo caótico, e se transportavam para aquele que queriam ver, normalmente, onde poderiam estourar a granada e serem explosões de seus corpos em brasas.

Não tinham como fugir daquilo que desejavam, a vida generosamente os colocava frente a frente. Não sabiam se o amor surge de repente, mas estavam abertos para ele, assim, prontos, inteiros, sedentos. Não importavam armadilhas, não enxergavam desconexões. O amor sempre sussurrava aos ouvidos. 

Estacionaram num único dilema, naquele em que se agarra e desvela nas repetitivas noites, rodeados do correr da vida. Não se poderia buscar o mais abstrato para perceber dois apaixonados. Uma pureza na necessidade de compreender o paradoxo entre o tempo que não para de fluir e uma sucessão de instantes variados com interrupções temporais que compõe o destino de ambos.

Primavera, 21 de outubro de 2014.

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