Ele estava sob os holofotes, é verdade, mas piscou para ela, e permaneciam os olhares naquela jovem. Ela não imaginava o que seria passar mais dez minutos de sua vida sem aquele olhar, mas deu de ombros, meio desajeitada, não sabendo como lidar com essa situação.
O mundo estava entregando todas as chances para futuro esperado, o chão abria, revelando delicadezas logo adiante. Como se estivesse criando passagens para o caminho que desejava percorrer, não antes de marcar um novo encontro com a carta atirada atrás da porta.

Abandonaram a solidão, o preço mais cruel dos venenos e agarram lentamente ao que não respeita as razões, o amor. Dois corpos nus que dançavam em chamas, como se a eternidade fossem deles. E nesta noite, foram entregas dos seus desejos, das suas vontades, como lobos uivando na madrugada, era o ruído do mundo. Fizeram do desejo uma muleta, em constante necessidade de carregá-lo para onde for.
O encontro dos dois sempre se revela como uma granava com o pino solto, fechando os olhos isolavam-se do mundo caótico, e se transportavam para aquele que queriam ver, normalmente, onde poderiam estourar a granada e serem explosões de seus corpos em brasas.
Não tinham como fugir daquilo que desejavam, a vida generosamente os colocava frente a frente. Não sabiam se o amor surge de repente, mas estavam abertos para ele, assim, prontos, inteiros, sedentos. Não importavam armadilhas, não enxergavam desconexões. O amor sempre sussurrava aos ouvidos.
Estacionaram num único dilema, naquele em que se agarra e desvela nas repetitivas noites, rodeados do correr da vida. Não se poderia buscar o mais abstrato para perceber dois apaixonados. Uma pureza na necessidade de compreender o paradoxo entre o tempo que não para de fluir e uma sucessão de instantes variados com interrupções temporais que compõe o destino de ambos.
Primavera, 21 de outubro de 2014.
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