Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

25 de abril de 2014

Cem anos, sem você!


Suportar a traiçoeira saudade, costurando em linhas de ouro e bordando com cristais as lembranças rentes a nossa vida, inerentes ao nosso sentimento. Ao mesmo tempo, é a certeza de que vivenciamos as minhas primeiras experiências satisfatórias, inesquecíveis, duradouras, mas que o destino, chamado de morte nos tomou, dizendo: - A sua hora acabou!
À medida que se aproximam as datas chaves, iniciando pelo dia de São Jorge, comemorando o seu aniversário dois dias após e relembrando de sua morte em 60 dias, um filme é relançado em minha cabeça. Esse é o terceiro aniversário sem meu amável avô, depois de muito lamento comecei a aceitar de modo mais sereno a partida do patriarca, visto que a doença e debilitação súbita em um mês doíam demais meu coração.
Os seus aniversários após o seu descanso sempre foram muito dolorosos, porque enquanto 2010 eram de esperanças, os anos seguintes foram de pesarosas lembranças de sua partida e da docilidade de homem comigo. A dolorosa via sacra será encerrada apenas no dia 25 de Junho, data que irei sofrer novamente. No dia anterior a sua morte, me colocou em seu colo e afirmou o amor existente, selamos nosso afeto e perpetuamos o nosso elo. Dizia: - Eu te amo.
"Do que vale o paraíso sem amor?"
No dia de São João culminou o fatídico e que findou com minhas lágrimas, velando um corpo que apenas esfriava à medida que as horas corriam. Neste dia, com o jogo do Brasil na sala do velório, o semblante de esperanças estava ali amarelando, gélido, e eu não pude mais velar o sono dele, vovô me foi retirado abruptamente sem permissão e enterrado debaixo de sete palmos, assim ele o queria.
Hoje estou serena, mas é inevitavelmente impossível não chorar ao relembrar dos seus últimos passos de vida. Foram 21 anos convivendo ao lado dele, mas ao contrário disso, agradeço muito mais pela oportunidade de cuidar com amor do último mês de vida com a existência relâmpago de sua doença.
Neste tempo não sou mais metade, não sou mais sofrimento, tão pouco completo desespero. Essa chaga já cicatrizou, às vezes alternam os dias de maior ou menor intensidade de saudade.

Fico por aqui, Vovô, feliz aniversário, feliz centenário.

Um salve, meu Jorge, meu amado.

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