Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

31 de março de 2014

Sobre o nada

- Mãe, mãe, mãe... O que é o nada? – Pergunta a garotinha afoita com as mãozinhas atrás do corpo.
- O nada pode ser tudo, filha.
- Como assim tudo?
- Exemplo, quando você está dormindo, teoricamente, está fazendo o nada, mas que na realidade é o tudo: você fecha os olhinhos, ronca e viaja para outro mundo, lá poderá brincar, correr, pular, voar e fazer tudo o que quiser. As letras também são um nada, mas quando juntamos transformamos em tudo: numa frase, num texto ou talvez, num livro.
- Mamãe, seu livro é sobre o nada?
- Talvez, o nada se tornou tudo.
- E quem é Manoel de Barros? – A menina já estava sentada sobre a cama, mantendo um segredo escondido.
- Manoel de Barros é um excelente poeta e um dos meus preferidos. – Assim respondi, reticente.
- Eu gosto do nada dele. Se ele é poeta também é meu preferido. – Revelando o livro que pegou escondido na minha biblioteca.
- Você leu até onde?
- Eu li o livro todo! – Com um sorriso de orgulho estampado.
- Me mostra o que mais gostou.
A menina de sete anos de idade então abre o livro e começa a folhear até encontrar uma frase que chamou atenção.
- "O dia vai morrer aberto em mim". Eu gostei disso, me explica?

 Discutindo pelos minutos adiante sobre Manoel de Barros, nosso poeta preferido. Sobre o nada, sobre o tudo, sobre o quase nada.

Outono, 30 de Março de 2013

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