Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

10 de março de 2014

Um tempo e um meio para o início de uma guerra com a balança


A culpa inicial é do final de ano, do carnaval e da semana santa, logo em seguida os finais de semana e happy hour são os indiciados, porém a devastação conclui-se quando todos os dias da semana são palco para a farra da comilança. Um dia para a confraternização, outro para uma visita inesperada, outro para uma despedida, o almoço acompanhada, o jantar irrecusável e quando se percebe a cara de bolacha está intacta e precisa para todos.
O alarde para a necessidade do regime constitui-se no comentário sem graça do marido/namorado, a gozação da ‘amiga’, mas a tristeza derradeira apresenta-se na calça três números a mais, ou com o vestido GG que não fecha, ou então aquela negativa de que não tem uma roupa que lhe caiba naquela loja. O remorso perdura na frente do espelho, a materialização humanizada de ‘Free Willy’ espelhada.
Quando a gente engorda demasiadamente, temos uma vontade medíocre de se castigar. Um regime desproporcional e assassino, parecendo até justo ao gordo flagelado. O desejo do gordo é ter o corpo de escultural em uma semana. Cabe dieta da sopa, dietas de modinhas, da USP, de capa de revista, cabe passar fome, inventar segundas-feiras para iniciar a nova dieta, comer escondido e fingir a si mesmo que o pedaço de pizza devorado era na verdade uma linda maça argentina. E a nova dieta será abandonada tão rápido quanto foi iniciada.
Quando a balança só faz subir o gordinho culpa a tireoide, o anticoncepcional, o inchaço, mas sequer assume que come feito um aspirador de pó: devorando o lanche do colega, as sobras do almoço do filho, aceitando a sobremesa pela terceira vez e regando os jantares a massas, feijoadas e aos rodízios na churrascaria.
A cada nova tentativa de regime, ecoa a pergunta desencorajadora:
- Vai fazer regime justamente agora? – Qualquer argumento para o gordo é válido, recusa a dieta e aceita o chocolate.
E quando um ex-gordinho aponta a silhueta mais saudável, incrimina-se a redução de estômago, o remédio inibidor de apetite e ansiedade, a erva milagrosa. A capacidade de aceitação pelo outro do bom-senso é inócua, reeducação alimentar cumulada com atividades físicas e uma porção de boa vontade, é possível.
Todo Ano-Novo é unânime a promessa para emagrecer. Até que não precisa queixa-se. O arrependimento pós-virada de ano é tradição. Penalizados, insistimos numa mudança que não chega facilmente, e o descontrole torna-se natural.
As capas de revista, os artistas, o mundo conspirando e motivando ao corpo perfeito. O abdômen com gominhos, a bunda empinada, as pernas torneadas e os músculos perfeitamente definidos, imposições notórias, basta acessar qualquer meio de comunicação.

Saber conformar ou repensar nos 10 quilos a mais? O prazer do gordo é comer. O prazer é insanamente gordo.

Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Postar um comentário