Espantada, chateada e muito
irritada, foi assim que fiquei a receber a primeira reclamação de Maria, ao
longo dos seus cinco anos de vida escolar da pequena.
Apesar de dispersa, nunca
me deu problemas, as queixas das ‘tias’ sempre foram por preguiça ou querer conversar
demais na aula, não vejo nada de tão grave nisso, apenas reaver a conduta para
que melhore o seu desempenho, dentro e fora da classe. Isso eu tenho feito até
hoje, com ajuda, inclusive.
Vivemos debruçadas sobre uma
rotina, ainda que cansativa e exaustiva, com o passar da semana nos alegra por
encaixar atividades que realizamos com estima, seja o ballet e jazz dela ou o
meu momento de escrita, quer o sapateado ou o meu happy hour com amigos, ora a fugidinha para um sorvete ou brincar
juntas de patins no final de tarde para alegrar o dia puxado. Compensações que
esvaziamos nossa mente de tantos afazeres obrigatórios.
Com tabela de horários a serem
cumpridos, vou buscá-la na escola, e sou surpreendida com a reclamação de uma
mãe da colega de Maria, minha menina desferiu palavrão a coleguinha e
indiretamente a mãe. Uma típica briguinha de meninos nessa idade. Por Maria
discordar de uma coleguinha, ela bateu em minha pequena, que revidou e a
‘briguinha’ se tornou um lançamento de xingamentos de um contra o outro.
Não temos hábito de insultos ou
ridicularizar o outro com palavras de baixo calão e, muito menos andamos nesses
ambientes. Repudio atitudes e dizeres desse nível. Entretanto, longe dos nossos olhos, muita água rola debaixo da ponte, principalmente no recreio escolar.
O fato é que foi dito e gerou
desconforto em ambos os lados. E apesar de todo esse mal estar causado regado a
muito choro e diálogo, Maria pensou logo como amenizar a situação: escrevendo
uma cartinha de desculpas para ela e a mãe. Escreveu ontem à noite com muito
carinho e boa vontade, eu corrigi, ela passou a limpo numa folha bonita,
decorou e deixou prontinha para entregar a coleguinha hoje pela manhã.
A reação de Maria ao sair de casa
com a cartinha era de alegria por conseguir pensar em uma solução, contudo, o
esboço ao pegá-la na escola não foi das melhores. A coleguinha leu, rasgou e
jogou fora a cartinha. Mesmo que tenha feito a malcriação, ela entendeu que a
atitude merecia um pedido de desculpas.
Infelizmente minha pequena lidou
hoje com umas das primeiras frustadões de sua vida.
Aos poucos, ela entenderá que nem sempre o arrependimento vai selar a dor, mas que o perdão sempre será o remédio para o machucado, mesmo que demore de sarar.
Vida que segue.
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