Uma palavra que só se ouve multimencionar em período
eleitoral: cidadania. Ok, mas o conceito de cidadania não se limita ao ato de
votar, vai muito além: somos cúmplices dos benefícios e malefícios da gestão
dos governantes eleitos.
Claro, é mais fácil reclamar dos políticos com os vizinhos, queixar-se com os colegas sobre a qualidade lamentável de serviços prestados à população, burburinhar a insatisfação e deixar transcorrer o mandato sem usufruir o direito constitucional de se expressar. Importante também assinalar que nem tudo é culpa das autoridades, fala-se em cidade suja, mas o mesmo que reclama joga o lixo no chão, o saco de lixo que deve ficar acomodado em local protegido ou ser despejado próximo da sua coleta é lançado de qualquer modo nas ruas. Aceitar o inaceitável é mais cômodo do que exigir que se cumpra a lei, até mesmo porque isso demanda atitude, e poucos estão dispostos a bradar em alto e bom som.
Nessa falta de força, toleramos o intolerável: lixo exposto
nas ruas, esgotos abertos, buracos nas vias e nos passeios, falta de
sinalização, obras incompletas em todas os cantos da cidade, ação irregular dos
flanelinhas, e outras tantas praticas ilícitas. Contudo, denunciar requer
ousadia, mostrar a face para a crítica não é disposição de muitos; concordar
com a pedra no sapato parece ser mais fácil, o que não deveria ser.
Recentemente publiquei um texto sobre a ação irregular do comércio informal, bem conhecidos como camelôs. Enfastiada com a desarmonia do ambiente, e a sequência de ilegalidades que envolvem os produtos sem nota, falta de arrecadação de impostos, a barreira visual causada para aqueles que mantêm os seus tributos em dia e arcam com altas cargas, inclusive na seara trabalhista. Cominado com a falta de segurança dos produtos a serem vendidas, com origem duvidosa e pondo em risco a integridade e saúde dos compradores, resolvi bradar aos quatros ventos, a fim de lograr êxito com as minhas reclamações fundamentadas, logo a proporção tomada foi interessante, sendo amplamente divulgados no rádio, TV e jornais escritos locais.
O resultado da ‘notinha de jornal’ foi positiva, prefeitura
já sinalizou mudanças, com prazos determinados e remanejamento para outros
locais, com o propósito de desobstruir a Avenida Cinquentenário e transversais.
Ao contrário do que imaginei, pareceu-me que os ouvidos do
governo estão sim prontos a acatar nossos pedidos.
Publicação realizada na Pimenta na Moqueca |
Reivindicar direitos não é missão impossível, e pode ser
realizado de muitas formas, seja com a participação em associação de bairro,
seja de forma individual, coletiva, organizada ou ocasional. Por sinal, pode-se
considerar que reclamar é muito mais que um direito, é um dever de cidadania; o
importante é não admitir que o incabível seja aceito de forma passiva.
É importante ressaltar que cada um fazendo a sua parte, da maneira que lhe seja mais cabível, é fundamental. Criticar uma crítica, por bel prazer sem utilizar meios que são disponíveis, como o protesto, a voz, a escrita, ou tantos outros meios é exercer, sem dúvidas, a nossa cidadania e participação social, sem parecer ridículo.
O governo ainda está longe de ser dos melhores, mas se cada
um fizer a sua parte, com certeza, estará contribuindo para um futuro melhor,
fazendo valer o seu voto.