Ontem no intervalo da faculdade ao acessar um grande site de
noticiário, leio e sem tristeza acato a morte de Hugo Chavéz. Nunca tive um
carinho por ele, seja pelo autoritarismo explícito, seja pela vontade de tornar
o país comunista. Apesar de sofrer com uma doença infeliz, não tive sentimentos
solidários com a notícia, mesmo curiosa não procurei saber sobre o cortejo fúnebre
do cidadão Venezuelano. Sem culpas, ide em paz.
Já na manhã da primeira quarta de março, ainda nas
atividades matinais, acesso o mesmo
portal de notícias e a morte de um jovem
brasileiro retém a minha solidariedade.
Acreditando que a realidade não existe em tudo o que é
divulgado pela mídia, entretanto, alguns aspectos devem ser pontuados. O vocalista
Chorão como era conhecido, abandonou esse plano em um provável surto psicológico,
emocional e diante o efeito máximo de drogas.
As notícias surgem e acabam se confirmando com a ligação dos
pontos. As fotos mostram um apartamento completamente destruído, como afirma o
delegado “Não tem nada que estivesse no lugar...” e realmente uma pessoa que
esteja em sua perfeita condição psíquica jamais destruiria os seus bens a próprio
punho. Relatam uma separação conjugal mal resolvida, sem a devida assistência
médica ou psicológica, afinal sempre nos colocamos como ‘donos da situação’,
seja ela qual for. O limite psicológico, uma depressão profunda em comunhão de
entorpecentes (segundo indícios do local) surgiu e o suicídio foi o remédio final
para a tristeza, desespero e loucura.
E paro a pensar quantas mortes silenciosas, quantos anônimos
são vitimas de uma doença em que mal damos atenção. Uma vontade absurda de
eliminar o mal pela raiz, se é que a raiz seja o sofredor, a depressão
enraizada e sem os devidos cuidados acabam subtraindo vidas e amores. Já as drogas
tornaram o mal do século, difícil de combater e a problemática acaba por ser
empurrada dia após dia pelo poder público. A justiça social pouco faz.
Mais uma vez perdemos. Perdemos um artista premiado em nossa
nação, perdemos as letras que ainda seriam partejadas, perdemos uma pessoa polêmica,
mas acima de tudo, ele nos trouxe sensibilidade enquanto vida: na importância do
skate, do surf, na sua inspiração ímpar, em melodias, e em tantas maneiras de nos
tocar e criar referências com as suas músicas.
Ide em paz Chorão.
Morte, palavra que dói. Ainda mais prematura.
“Toda positividade eu
desejo a você,
pois precisamos disso,
nos dias de luta”.
Chorão e Thiago Castanho.
Os loucos sabem.
Chorão e Thiago Castanho.
Os loucos sabem.