Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

6 de março de 2013

Ide em paz Chorão


Ontem no intervalo da faculdade ao acessar um grande site de noticiário, leio e sem tristeza acato a morte de Hugo Chavéz. Nunca tive um carinho por ele, seja pelo autoritarismo explícito, seja pela vontade de tornar o país comunista. Apesar de sofrer com uma doença infeliz, não tive sentimentos solidários com a notícia, mesmo curiosa não procurei saber sobre o cortejo fúnebre do cidadão Venezuelano. Sem culpas, ide em paz.

Já na manhã da primeira quarta de março, ainda nas atividades matinais, acesso o mesmo 
portal de notícias e a morte de um jovem brasileiro retém a minha solidariedade.

Acreditando que a realidade não existe em tudo o que é divulgado pela mídia, entretanto, alguns aspectos devem ser pontuados. O vocalista Chorão como era conhecido, abandonou esse plano em um provável surto psicológico, emocional e diante o efeito máximo de drogas.

As notícias surgem e acabam se confirmando com a ligação dos pontos. As fotos mostram um apartamento completamente destruído, como afirma o delegado “Não tem nada que estivesse no lugar...” e realmente uma pessoa que esteja em sua perfeita condição psíquica jamais destruiria os seus bens a próprio punho. Relatam uma separação conjugal mal resolvida, sem a devida assistência médica ou psicológica, afinal sempre nos colocamos como ‘donos da situação’, seja ela qual for. O limite psicológico, uma depressão profunda em comunhão de entorpecentes (segundo indícios do local) surgiu e o suicídio foi o remédio final para a tristeza, desespero e loucura.

E paro a pensar quantas mortes silenciosas, quantos anônimos são vitimas de uma doença em que mal damos atenção. Uma vontade absurda de eliminar o mal pela raiz, se é que a raiz seja o sofredor, a depressão enraizada e sem os devidos cuidados acabam subtraindo vidas e amores. Já as drogas tornaram o mal do século, difícil de combater e a problemática acaba por ser empurrada dia após dia pelo poder público. A justiça social pouco faz.

Mais uma vez perdemos. Perdemos um artista premiado em nossa nação, perdemos as letras que ainda seriam partejadas, perdemos uma pessoa polêmica, mas acima de tudo, ele nos trouxe sensibilidade enquanto vida: na importância do skate, do surf, na sua inspiração ímpar, em melodias, e em tantas maneiras de nos tocar e criar referências com as suas músicas.

Ide em paz Chorão.

Morte, palavra que dói. Ainda mais prematura.

“Toda positividade eu desejo a você,
pois precisamos disso, nos dias de luta”.
 Chorão e Thiago Castanho. 
Os loucos sabem.


Juliana Soledade
Itabuna/BA, 6 de março de 2013

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