(...) Aqui estão: ela e o mar, paisagem perfeita se não fosse o negro do
céu para impedir o seu contato visual. Estão cegos, ela não consegue
enxergá-lo, e muito menos o mar conseguirá notar sua presença. Sentada neste
banco de areia criado naquele momento. Sem estorvo, ela a escuta, suave
melodia, voz serena e tranqüila. As ondas quebram e o deserto com água se faz
música.
A lua crescente faz um esforço em
vão, a escuridão tem uma força pesada. As estrelas se empenham em constelações
ilimitadas, o máximo que conseguem são pequenos pontos para enfeitar o que é
belo, bucólico, mas belo. Quem pode negar a beleza?
A força escura não a domina, a luz que irradia do seu corpo tem um efeito superior. E assim, permite ser hipnotizada por aquela água salgada que toca os seus pés, que façam dele o que quiser. O liquido logo faz o seu trabalho de novas sensações, trazendo o gelado para todo o corpo, irradiando, alimentando, como se seu corpo necessitasse de maresia. Crescemos assim, com urgência da vida. E a sede deste mar dificilmente será saciada.
Como por impulso, as suas vestes são arrancadas, com caráter de emergência lança-se ao mar. Ele agita-se, revolta-se, sua essência causa desconforto. Ela entranha dentro de ondas volumosas e nada até que a sua figura não seja espanto.
Flutua na direção de um feixe envergonhado de luz. O sol espreguiça-se. Ela se entrega no alto mar, diante os nativos que mal algum fazem. O lúgubre foge do clarão.
Ela é braços ativos para a areia. É sereia que anda e traz brilho. (...)
Juliana Soledade
Às 02:40, de 19 de Fevereiro de 2013
Entre o céu e inferno de uma madrugada insone