Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

30 de setembro de 2016

Eu não vendo, e você?

Venda seu voto e abandone qualquer premissa ética nesse fenômeno de compra e venda no mercado negro da democracia e afirme o quanto é capitalista.

A venda de um voto recaí nos quatro anos seguintes, abarcam consequências dolorosas nos âmbitos sociais, econômicos, culturais e políticos. Flagelamos o nosso direito de exercer um direito quando o vendemos. Equiparo a uma tragédia em cascata: ambição, miséria e alienação. Quase sempre fragilizando a consciência de quem se dispõe ao ato.

Quando vislumbro esta atitude, afirmo sem dúvidas de que estou lidando com dois tipos de miseráveis: o político desprovido de valores e princípios básicos e comprova desacreditar na democracia ao golpeá-la comprando os votos de pessoas mais carentes por diversas circunstâncias sociais e o quase cidadão que não conhece a sua capacidade de mobilização política e se encontra alienado pela própria miséria e preocupado com a sua condição econômica.

Uma série de políticos que não acreditam no futuro da coletividade, bem como não apresentam projetos a altura da sociedade, de outro lado, cidadãos que seguem convivendo com o fruto do imediatismo que alguns trocados proporcionam. Quatro anos vangloriando do poder político e em contrapartida uma conta de luz paga, uma garrafa de bebida, um saco de cimento, alguns tijolos... Em suma, é como se o todo poderoso comprasse ouro a preço de bananas e o eleitor vendesse, ou melhor, doasse a sua alma e consciência ao diabo, sem grandes questionamentos.

Não, alto lá, eu não estou sendo pessimista, creio que com a nova onda de informações via redes sociais estamos mais atentos àqueles que tentam se eleger a custa dos nossos votos. As redes têm permitido as pessoas preocupadas no bem-estar social como uma dessas mudanças que estamos tateando no ar. Atualmente existem mecanismos para um controle social mais acirrado de fenômenos como a compra/venda de votos e os políticos miseráveis de que falei acima estão sujeitos a verem as suas desgraças em rede nacional através das imagens borradas de píxel de algum celular.

O que apenas afirma que estamos num círculo vicioso, sempre haverá pessoas capazes de vender e capazes de comprar, exceto se encontrarmos políticos dispostos e eleitores conscientes. A minha esperança mora nas novas lideranças políticas, na juventude exibindo um real interesse e compromisso conosco e no abandono do ranço do coronelismo.

É na fragilidade de boa parte que reside à chance do político miserável. Ele entende de miséria, fomentando-a como mecanismo de perpetuação de si mesmo. Por fim, eu só posso afirmar que não compactuo com essa engrenagem, não vendo o meu voto, pois acredito e muito no futuro!



Juliana Soledade

Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 30 de Setembro de 2016

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