Venda seu voto e abandone qualquer premissa ética nesse fenômeno de
compra e venda no mercado negro da democracia e afirme o quanto é capitalista.
A venda de um voto recaí nos quatro anos seguintes, abarcam
consequências dolorosas nos âmbitos sociais, econômicos, culturais e políticos.
Flagelamos o nosso direito de exercer um direito quando o vendemos. Equiparo a
uma tragédia em cascata: ambição, miséria e alienação. Quase sempre
fragilizando a consciência de quem se dispõe ao ato.
Quando vislumbro esta atitude, afirmo sem dúvidas de que estou lidando
com dois tipos de miseráveis: o político desprovido de valores e princípios
básicos e comprova desacreditar na democracia ao golpeá-la comprando os votos
de pessoas mais carentes por diversas circunstâncias sociais e o quase cidadão
que não conhece a sua capacidade de mobilização política e se encontra alienado
pela própria miséria e preocupado com a sua condição econômica.
Uma série de políticos que não acreditam no futuro da coletividade, bem
como não apresentam projetos a altura da sociedade, de outro lado, cidadãos que
seguem convivendo com o fruto do imediatismo que alguns trocados proporcionam. Quatro
anos vangloriando do poder político e em contrapartida uma conta de luz paga,
uma garrafa de bebida, um saco de cimento, alguns tijolos... Em suma, é como se
o todo poderoso comprasse ouro a preço de bananas e o eleitor vendesse, ou
melhor, doasse a sua alma e consciência ao diabo, sem grandes questionamentos.
Não, alto lá, eu não estou sendo pessimista, creio que com a nova onda
de informações via redes sociais estamos mais atentos àqueles que tentam se
eleger a custa dos nossos votos. As redes têm permitido as pessoas preocupadas
no bem-estar social como uma dessas mudanças que estamos tateando no ar. Atualmente
existem mecanismos para um controle social mais acirrado de fenômenos como a
compra/venda de votos e os políticos miseráveis de que falei acima estão
sujeitos a verem as suas desgraças em rede nacional através das imagens
borradas de píxel de algum celular.
O que apenas afirma que estamos num círculo vicioso, sempre haverá
pessoas capazes de vender e capazes de comprar, exceto se encontrarmos
políticos dispostos e eleitores conscientes. A minha esperança mora nas novas
lideranças políticas, na juventude exibindo um real interesse e compromisso
conosco e no abandono do ranço do coronelismo.
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 30 de Setembro de 2016
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