Tornamo-nos independentes,
essa é a verdade. Não precisamos de motorista, de trocador de lâmpada ou de acompanhante
no estádio. Sem autorizações para o trabalho externo ou uma viagem inesperada.
Somos mais machos do que
muitos machos por aí. E não falo apenas de força física, eu falo é de força intelectual
mesmo. De aguentar o tranco com o combo: trabalho + estudo + manter a casa em
ordem + ser mãe, e muitos casos mãe e pai. Sim, isso é bem normal, mas não é
fácil.
Essa nova geração é capaz de
chorar uma noite inteira, mas acordar refeita na manhã seguinte, encarar o
patrão, os percalços, o pneu furado ou ônibus lotado no início do dia.
Somos criadas para ganhar o
mundo. Para viajar sem medo. Para entender bem de diversas culinárias, tipos de
queijos e vinhos. Para mergulhar no amor, na decepção e na amizade, e se não
der certo, sacudir a poeira e ir em frente: “let’s go”.
Estamos aprendendo que a
violência, ameaça e a perseguição não nos prende em um casamento. Que as dores
não devem ser sucumbidas, e sim postas à mesa, discutidas, dialogadas e
resolvidas.
Aprendemos diariamente que
ficar sozinha não significa ser mal amada. Estamos adultas, seguras, firmes,
sabendo na maioria das vezes exatamente para onde vamos. E se não souber, o
coração aponta. Ele nunca erra!
Uma geração incrível de
mulheres inteligentes o bastante para dirigir o próprio veículo, tomar uma
bebida qualquer num balcão de boteco, e conquistar aquele almejado cargo de
chefia, e por que não ser dona do próprio negócio?
Cicatrizes no ventre, marcas
de estrias, inúmeras celulites, as linhas do rosto, feridas de guerras
combatidas. Não queremos viver anos em formol e SPA para fingir que estamos
vivemos. Mulher é coragem, luta e determinação. Mulher de verdade é quem
carrega o mundo nas costas com milhares de tarefas adquiridas para manter a
vida conjugal, a vida profissional, o equilíbrio emocional, tantos desamparos e
ainda sorrir com um bom batom sobre os lábios femininos.
É do nosso ventre que nascem
todos os homens machistas, todos os heróis, todos os guerreiros, do nosso
íntimo recinto que carregamos as primeiras histórias de vida deles, delas,
nossos...
Somos nós que fornecemos o
leite materno, nós que ninamos, nós que amamos como mãe, um amor que transcende
barreiras e abandona os sinais do tempo. O sagrado em corpo feminino. Mas antes
de mãe, nós somos mulheres!
Juliana Soledade
Crônica produzida para o Jornal A Região publicado no dia 05 de março de 2016