Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

16 de agosto de 2015

Guarda-roupa de sentir

Era criança e usava um vestido zebrado, e sorria pela alegria de saber que ele crescia junto-com, mas sem ter a menor ideia do que estava por vir. Quando o vestido virou uma blusa e se transformou num trapo, fui obrigada a deixá-lo no canto. Ainda borralheira sem prever qualquer dos passos do futuro.

Publicação realizada no Jornal A Região, em 15 de agosto de 2015
Minha fortuna não tinha cor, mas tinha cheiro. O bairro Alto Maron me ofertava tudo o que uma criança desejava ter: ladeiras para descer de patins, bicicleta ou carrinho de rolimã, uma turma animada na mesma faixa de idade, tampões dos dedos dos pés abandonados pela rua, e muitos vizinhos mal humorados que eu gostava de tiranizar. 

Vestia vestidos rodados no São João, alguns pegaram fogo na barra. Quando cresci, o fogo foi figurativo, sem vestidos rodados, ele subia nas pernas. Gostava de fogueira, de banho chuva no meio da rua e de arco-íris.

No período gestacional coloquei a barriga para tomar sol, depois a filha, por fim o avô. Esse último não merece a dor da morte, mas uma bela roupa de patchwork para continuar colorindo a vida. E fica bonito quando me apodero do amor com saudade em roupas coloridas.

Vejo minha filha crescer em roupas agradáveis, minha e dela. Por vezes um delicioso vestido de algodão, ou num pijama confortável para apresentá-la aos filmes clássicos. Não tenho produção pré-definidas para escutar músicas, ou cantarolar: do banho à festa de casamento, cada uma leva a sua necessidade.

A felicidade não se cansa de vestir branco, se estiver com um sorriso incandescente, até preto se dá bem. Encontrei o amor em duas oportunidades, estava de jeans confortável, já era amor, não precisava ter marca de calcinha. Fiz retaliações com gosto de vingança com minissaia e não me arrependo.


Escrevo admirando uma mangueira plantada por mim na meninice, sorte a minha que a empresa escolheu o local certo para ser minha, frente à cor, cheiro e sabor.  Certa de que roupas são molduras de experimentos e identificações; Paisagens é movimento; Palavras são roupagens para uma história que não para...

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