Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

5 de outubro de 2014

Esperança


Uma troca de olhares e quatro frases reticentes bastaram para a necessidade dos dias seguintes. Uma explosão de sensações perdidas, o encontro de novos indícios, fortes e contundentes.

De sua cadeira, a mulher, que a tudo observa, suspira. Tudo durou um momento, apenas. No instante seguinte via com tristeza o resultado de suas escolhas. De um lado a sua salvação, do outro a sua condenação. Em seguida, um mergulho, desaparecendo as suas ponderações impertinentes.


A enorme mesa de madeira escura, enfeitada por uma delicada orquídea, estava sempre coberta com livros, produções reais e noturnas que orquestrava desde o chão impudico, até a candura do paraíso. E era ali que a moça foi indispensável por muitos dias, entre tardes e noites que foram alimentos de um incrível laboratório.

Precisou de um tempo para abandonar a penumbra. Só então começou a perceber que as ranhuras eram maiores que os desenhos, grandes imperfeições irreparáveis. Isso eram efeitos do observatório construído. Daquele ponto, poderia identificar o avesso da vida: as ervas daninhas, encaixes fragmentados, ponto de partida sem largada.  Uma perfeita intimidade com seus segredos.

Ela piscou os olhos, atordoada.

Depois os abriu bem. E com surpresa, sorriu.

Um raio de sol incendiava o peito, despejando-se completamente onde estava em súplicas. A luz, incidindo nos seus tecidos atribuía novas cores ao seu redor, grãos de poeiras transformam-se em pássaros. O pequeno mundo, outrora turvo – onde tudo insistia ser pelo avesso – resplandecia.

É aurora.


Primavera - 2014

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