Nos domingos e dias-santos ela assistia à missa. A missa era sempre longa, cheia de credos, glórias e rezas. Um véu de filó preto na cabeça, guardava as tristezas maduras.
Sentada em um banco de igreja, frente a cruz, onde Jesus se fazia vivo pela Eucaristia, ela o vendo viajava para outro corpo, assim como no Salvador: nu e vivo, só que muito mais do que ele. Enquanto inseriram um pouco de vestes no Cristo, o moço se revelava inteiro, deliciosamente impuro na mente daquela jovem, o pecado aqui parece não existir.
Sentada em um banco de igreja, frente a cruz, onde Jesus se fazia vivo pela Eucaristia, ela o vendo viajava para outro corpo, assim como no Salvador: nu e vivo, só que muito mais do que ele. Enquanto inseriram um pouco de vestes no Cristo, o moço se revelava inteiro, deliciosamente impuro na mente daquela jovem, o pecado aqui parece não existir.
Ao passo que o sacerdote discorria textos prontos, ela viajava num mundo outro, naquele que a memória pungente insistia em recordar, a voz, as palavras e dando corda assim, insistentemente a um desejo recíproco. O sacramento que ao comungar era o mesmo de corpo desejado e não o do Crucificado ali presente.
A hóstia ficou presa no céu da boca, além da cara entalada, era como se Cristo se recusasse a visitar aquele coração impuro. Um semblante que misturava a aflição com o horror ao inferno. Ela insistia em comer, em deglutir em seus dentes como o pão e vinho.
Pecado e santidade, lado a lado, como um.
"O meu amado é para mim como um ramalhete de mirra, posto entre os meus seios" Cânticos 1, 13.
Juliana Soledade
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