Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

17 de junho de 2014

O mundo não mudou

Eu tive um marido que se dizia cidadão consciente. 

Queixava-se do sinaleiro e ficava quase uma hora lastimando com a central da prefeitura, somente porque aquele bendito sinal passou a demorar mais 10 segundos para abrir. Enviava SMS para a administração do pedágio para informar que a fila de carros estava aumentando e passou a chegar atrasado no trabalho. Convidava formalmente o gerente do mercado para fazer a tal critica sugestiva, já que a reposição do vinho de preferência não era como deveria. 

Vezes outras, surgia com o dedo apontado em meu nariz, acentuava a minha tranquila passividade e responsabilizava: 

-São pessoas como você que o Brasil fica assim! 

Eu nada dizia, apenas para não contrariá-lo, prefiro evitar discutir com indivíduos que deleitam-se com a briga, e para o despreparado e ignorante, melhor o silêncio, mesmo quando a razão permeia do nosso lado.  

Tanto tempo se passou, preferindo a distância, com certo cansaço, desalento e dissabor, eu diria: 

-Meu ex-amado, são pessoas como você que o mundo ainda não mudou.

Juliana Soledade

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