Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

17 de fevereiro de 2014

Em tempos de guerra



"E quando eu peço proteção
Não é pra fugir do ladrão
Nem pra me esconder na igreja
Eu quero é que deus nos proteja"


Confortavelmente e protegida em meu leito, mas nas ruas uma guerra fria, com sangue, fogo e selvageria. Me parece que estamos tão magoado ou envoltos de uma fúria interna tão agigantada que não nos basta apenas lamentar-se com os amigos nas redes sociais, ou protocolar uma reclamação nos órgãos responsáveis. A realidade agora se encaixa em definições terroristas.

Em um raio de 50 km, somos alvos das piores mazelas, castigados diariamente com surpreendentes noticias de fins trágicos e mínimas divulgações positivas sobre o bem comum (se é que conseguimos pensar nisso).

A implacável batalha entre supostos índios, agricultores, moradores, mortos e o derramamento contínuo de sangue, bens, impérios e trabalhadores. Os diários crimes bárbaros, seja com uma criança de 4 anos sendo assassinada brutalmente em seu leito, ou por um assaltante sendo morto em via pública por policial a paisana e populares calorosamente agradecendo pelo gesto de justiça, ou talvez, por um menino de apenas 13 anos que munido de um moto de 125 cc, furou o bloqueio de uma blitz e em perseguição, pasmem, a vida foi ceifada por uma fatalidade.

Esses são apenas três dos casos constantes presenciados, alguns se vão por drogas, outros por vaidade, outros nem sabem o motivo e de que lado se encontram nesse combate. Aos poucos, esse conflito atravessa dimensões e propõem-se estarem além do raio A ou B.

Dispomos do ódio voraz, da partilha de sentimentos negativos - e tão vingativos - que sequer estamos nos dando conta do encontro do nosso destino, um neo anarquismo descomedido, transformado o futuro primitivo, ao tentar pagar na mesma moeda.

O governo anda mal, lamentamos. As vias públicas esburacadas, queixamos. Presenciamos violência, nos recolhemos. A saúde pede socorro, entristecemos. Abandonamos de forma sucinta nossos hábitos culturais, nossos momentos na praça com um sorvete na mão. 

Com tudo isso, apenas cresce a nossa sede de vingança, com uma desconstrução moral e física. Um governo que direciona os seus holofotes para a Copa, eleições e empreendimentos internacionais e esquece: a educação castigada, saúde violentada e a segurança maltratada.

Como fingir que tudo anda bem com o Exército, Força Nacional, comando especial da Polícia Federal, Militar e Civil, helicóptero, manifestações dos meios mais violentos possíveis? 

Lulu Santos diria: "Assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade...", Renato Russo bradaria "Quem pensa por si só é livre e ser livre é coisa muito séria", Caetano Veloso, sairia "Sem lenço, sem documento, nada no bolso ou nas mãos, eu quero seguir vivendo.."

Estamos numa verdadeira sociedade do medo. Alguns estão a dois passos do paraíso, nós estamos a um passo da hostilidade.

Reina-se então, a treva, e aos poucos, a ruína.

"Quem não quiser sofrer, que se isole" - Fernando Pessoa

Juliana Soledade

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