Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

20 de dezembro de 2013

Semeando um futuro - Parte 2

Amada Stella,

O meu mundo esteve parado durante todo esse tempo em que fiquei sem o seu contato. Ao receber a sua carta perdi o folego, e meu peito doeu de saudades. O mundo estava menor. Houve um tempo em que eu me senti esmagado com os acontecimentos, agora parece que circunstâncias e mistérios estão devidamente acomodados, seja no sótão ou em meus pensamentos.

Depois de tudo o que relatou, entrei em eminente desespero, mas confesso foi um desespero bom. Fiquei revirando a minha alma, pensando em tudo, inclusive no Ziven. E acredite, se todo o desejo que guardo em mim pudesse realizar, eu não estaria me punindo por não estar ao seu lado. Gostaria de expulsar sozinho por cada demônio que habitava em você e fazer parte desse reconhecimento pessoal. Enquanto minha memória insiste em penalizar meu coração descompassado, eu abrando-a com a certeza que estaremos no aconchego dos nossos corpos quentes o quanto antes. Você é a mulher que eu quero ao meu lado.

Não esqueça querida, do tamanho de meu carinho e devoção do por você. Desde muito te tenho como os melhores ladrilhos da composição do meu mosaico ou talvez a melhor poesia do livro de Fernando Pessoa, a pérola intocável que já sofreu por demais.

Hoje estou em Algarve, faz muito calor. Estou a trabalho por aqui, isso me satisfaz, me completa, preenche meu tempo por completo e me faz esquecer boa parte do que não quero lembrar. Cada vez que venho aqui tenho disposição para ficar mais. Infelizmente, nem sempre posso. Algarve me traz recordações caras. Exatamente aqui iniciou os sonhos de uma vida a dois com Pandora, a mulher mortal dos deuses, assim como na história, guardava segredos e enigmas infindáveis em sua caixa, inclusive sobre o nosso lirismo, erotismo e total lado traiçoeiro. Por isso que eu pouco tenha dito sobre essa cidade, eu quero preservá-la da parte malévola de minha história. Não posso negar qualquer coisa a você, seja boa ou má. Você tem o direito de poder e dever de saber. Esses traços em minha linha não há como apagar.

Eu tenho a minha e você a sua, vamos reinventar nossa história juntos, por quantas vezes forem necessário. Ah querida, unidos temos muita coisa bonita a que desfrutar.

Enquanto te escrevo, estou sob um castanheiro, agigantado e florido, coleciono um canto orquestrado de passarinhos nativos nos galhos sobre minha cabeça. Faz bem para o espírito.

Em vésperas comemorarei meu aniversário, isso resume a comemoração de nossas afinidades e não menos, um brinde especial com aquele vinho chileno do nosso primeiro encontro. Aguardar-te-ei para explodirmos juntos de dentro para fora, de fora para dentro, sem importarmos com o barulho que isso possa causar em nós.

Despeço-me com todo o meu amor, ensaiando aterrissar no desejo de nosso milagre.

João Miguel

Essa carta é uma ficção, resposta da carta de Stella e fará parte de uma sequência:Veja aqui!

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