Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

26 de dezembro de 2013

Mais um adeus..

Aquele beijo foi esperado, entre o vidro do carro entreaberto e os jatos de ar frio que disparavam do ar-condicionado. O bilhete deixado embaixo do celular do rapaz foi a avalanche dos últimos acontecimentos. A troca de olhares, o diálogo, a intensidade do desejo, tudo cronometrado. O que deveria ser mais uma noite de happy hour foi a materialização do querer daquela moça.

Ele é alto, grisalho e boêmio, mas aos olhos dela ele é puramente encantador. A janela da alma enquanto aberta, constantemente deflagrava alguns minutos em reverência. Ela deslizava a sua lascívia quando se locomovia à sua frente. Desde muito esse encantamento é persistente, não como uma exigência individual, e sim pela avidez voraz; o anelo progressivo.

O beijo rápido foi selado de desígnio. Perturbando os pensamentos, aumentando os devaneios imaginários. Transformando a tranquilidade em uma contagem regressiva para o antes temido e o agora desejado. Tudo era questão de tempo; os parágrafos saltavam mais rapidamente, as palavras acompanhavam quase sem fôlego toda essa dilatação de expectativas.

As pedras foram atraídas feito imã, unidas sem restrições na batida rápida da musicalidade, confinados nas bebidas quentes, cálidos de intensidade. Uma universalidade de ambição ameaçava a comunhão, eles queriam um pouco mais do outro. A sensualidade avassaladora transportava lentamente, intensos de energia para um baile a dois.

O comportamento humano em face da libido desassossegou o instante. Os brincos e anéis foram despejados, as roupas íntimas arrancadas. A cama já não era mais a mesma, a volúpia alterou os instintos, a respiração ofegante, os vizinhos do andar abaixo incomodados. Ardendo na carne como ferro incandescente. Olhares com insondáveis mistérios. As mãos afagavam apenas o que antes davam bordejos. Em curvas delicadas, caminhos torneados, ali onde a loucura imperava absoluta, e os olhos virados como a olhar um deserto. Dois amantes inundados de prazer. Duas almas extasiadas. Dois momentos separaram o presente-passado-futuro.

Ele abriu a porta. Ela partiu com vontade de ficar.

O efeito colateral foi o silêncio de despedida. 



Juliana Soledade

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