Volto pra casa depois de mais uma
viagem, de tantas já feitas. Desta vez, deixei alguma coisa por lá: esperança
de sonhos a serem contemplados.
Relembro das noites mal dormidas
em uma cama grande, após o telefonema, com confirmação de e-mail sobre o nosso
tão sonhado encontro, quase um mês de êxtase. Como se adormecer fosse correr o
risco de perder de vista essa oferta tão preciosa para apresentar o meu
trabalho ao mundo.
Tenho chorado a prestação, a
ansiedade me consome, entre ataques nervosos e momentos sublimes. Em pequenos
sonhos, volto para o diálogo de 57 minutos de um quarteto fantástico, numa mesa
redonda com o vento frio do ar condicionado e de minha face em borbulhas, ora
com perguntas peculiares de trechos escritos, ora com elogios surpreendentes.
É fácil recordar da leveza do
encontro, da simplicidade e acolhida, como um início de sociedade onde todos
sorriem, onde existe leveza em uma nova caminhada, independendo de
acontecimentos futuros, revelando segredos, confessando desejos e ainda assim,
sendo recebida com três corações abertos e limpos com os meus dizeres. Do mesmo
modo que os sonhos, os medos também foram postos a mesa, com planos traçados em
planilhas bem delineadas, parecendo-me uma nova família a ser delicadamente construída
com tudo aquilo que foi recolhido – e escrito -, com tantas despedidas de mim, durante longos nove meses.
Os olhos turquesa da jovem
senhora que me analisavam enquanto apresentava conto a conto, pareciam invadir,
fazendo questão de saber palavra por palavra escrita, tradução de cada frase
montada, de cada parágrafo dúbio, de cada despedida e da falta de encontros
(que em mim, não se faziam necessários). Os olhos ávidos, esmiunçava tudo o que
eu tinha para entregar, que além de tantas palavras que explodiram de mim, eram
sonhos, coração e alma, tudo em um só projeto, tudo em um só livro.
Junto com a sensação de
conquista, ficaram ressoando uma série de interrogações, a grande maioria
oriundas de perguntas que eu mesma quis fazer, no entanto guardei em mim,
esperando uma leitura pelo olhar, que infelizmente não foram feitas. Compreendo
que o caminhar é longo, e tão pouco será simples, mas a cada vez que tenho
novos escritos sinto que vale a pena seguir com meus encantamentos, nesta mesma
direção.
Naquela editora tão conceituada,
eu estive inteira, de mala e cuia, sem a menor ressalva, sem me poupar, sem
reservas para qualquer mudança de planos, sem medo, falando sobre tudo com o
maior poder de conhecimentos. Lá eu fui descascada, encontraram a pérola, e se
assim quiserem, farão bom uso dela.
Ter quem acredite e brigue por nós
é de um valor imenso. Obrigada meu mestre, ídolo e amigo. Acreditar em meu
trabalho, (com alguns puxões de orelha) é de grande valia. Sumamente agradecida
pelas indicações.
O trato até então é: seguir de
mãos dadas, de maneira espontânea, esperada e comovente, porque em cada contato
existe uma comemoração. Ter a esperança de poder partejar um livro assemelha-se
com a esperança de engravidar, mas desta vez uma gestação de palavras e mais
palavras, de mim para o mundo!
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