Uma
palavra que só se ouve multimencionar em período eleitoral: cidadania. Ok, mas
o conceito de cidadania não se limita ao ato de votar, vai muito além: somos cúmplices
dos benefícios e malefícios da gestão dos governantes eleitos.
Claro, é mais fácil reclamar dos políticos com os vizinhos, queixar-se com os colegas sobre a qualidade lamentável de serviços prestados à população, burburinhar a insatisfação e deixar transcorrer o mandato sem usufruir o direito constitucional de se expressar. Aceitar o inaceitável é mais cômodo do que exigir que se cumpra a lei, até mesmo porque isso demanda atitude, e poucos estão dispostos a bradar em alto e bom som.
Nessa
falta de força, toleramos o intolerável: lixo exposto nas ruas, esgotos
abertos, buracos nas vias e nos passeios, falta de sinalização, obras
incompletas em todas os cantos da cidade, ação dos flanelinhas, e outras tantas
praticas ilícitas. Contudo, denunciar requer ousadia, mostrar a face para a
crítica não é disposição de muitos; concordar com a pedra no sapato parece ser
mais fácil, o que não deveria ser.
Numa
sexta-feira recente, cansei de presenciar a quantidade de buracos ao caminho de
casa e o mau cheiro do esgoto aberto. Uma chuva simplória, que refrescou a
cidade por dois dias, foi suficiente para destruir o trabalho mal feito por
borra asfáltica nesses buracos. Enfastiada com a qualidade lamentável, e a
frequência de manutenções em meu veículo, esbravejei aos quatro ventos, a fim
de lograr êxito com as minhas reclamações fundamentadas.
Ao contrário do que imaginei,
pareceu-me que os ouvidos do governo estão sim prontos a acatar nossos pedidos:
na segunda-feira seguinte os serviços foram iniciados; buracos devidamente
tapados, e teve início o trabalho para que o esgoto volte a ser oculto, para o
bem de nossos olhos e olfato, espero que esse serviço seja concluso o quanto antes.
Reivindicar direitos não é missão
impossível, e pode ser realizado de muitas formas, seja com a participação em
associação de bairro, seja de forma individual, coletiva, organizada ou
ocasional. Por sinal, pode-se considerar que reclamar é muito mais que um
direito, é um dever de cidadania; o importante é não admitir que o incabível
seja aceito de forma passiva.
O governo ainda está longe de ser dos
melhores, mas se cada um fizer a sua parte, com certeza, estará contribuindo
para um futuro melhor, fazendo valer o seu voto.
Juliana Soledade