Eu quando criança sonhava em ser bailarina, me via em
sapatilhas, meias rosinhas, coque no cabelo e aquela saia rodada. O fato é que
a nossa condição financeira não permitia que esse sonho viesse a ser realizado.
Lembro que na época (não faz tanto tempo assim!), o custo era alto, esse
esporte feminino cercava apenas a classe mais favorável. E assim sendo, se
tornava um luxo quem poderia fazer.
Recordo-me de milhões de promessas feitas a mim por minha
genitora para dançar, só que no ano em que obtive essa decisão positiva, o
grande bailarino viera a abandonar esse plano e aquela academia de dança na Av. Nações
Unidas, assim como os planos que eram feitos a mim partiram junto com ele.
Enquanto isso, estudava na AFI tinha várias colegas que
faziam na renomada Tchu e Cia. Lembro-me de Samilly, Cely e Natália, se
produziam tão lindamente que eu ficava a admirar a beleza de ser bailarina.
Como lá em casa não haviam ‘birras’ nem revoltas, quando não podia, respeitávamos.
Não podia e pronto, mesmo com as sapatilhas de ponta rodeando os meus sonhos.
De tanto sonhar
capotei no sonho vindo a ‘me realizar’ depois de passado o processo de meninice,
dancei durante um período e parei por aí. As inúmeras atividades profissionais
e acadêmicas falaram mais alto e o projeto bailarina foi abandonado.
Entre as colegas, duas delas: Samilly e Natália se tornaram proprietárias
de academias de dança, fazem o que amam, com entusiasmo e tenacidade. Admiro muito
todo o empenho de ambas.
Ser mãe de menina me colocou na condição de realizar um sonho
(Ok, a terapia explica que não podemos fazer isso), mas a alegria em questão é
saber do quão dedicada sua filha se impõe dentro de toda indumentária.
Chorei, vibrei, vieram sorrisos e satisfação ao vê-la
dançando lindamente e sem se importar com uma platéia enorme em seu primeiro
festival. Uma postura impecável, os passos bem treinados, ela com um contentamento
radiante e eu como a mãe mais abobada que pudesse existir naquele Centro de
Cultura.
Ainda hoje, intercalando as atividades profissionais com o
facebook aberto, recebo algumas informações do desenvolvimento da pequena que
se divide em aulas de Balé clássico, sapateado e com o olhar insistente no
Jazz.
As noticias são as melhores, uma criança de seis anos que frequenta
todos os dias o estúdio de dança, tenta sapatear escondida em casa com aquele
sapato do barulho agradável, super dedicada, aplicada em suas aulas, com um
desenvolvimento surpreendente e um senso de humor que todos elogiam. Professora
contente com o progresso da pequena e já pensando em adiantar de turma.
Falando em professora, ela é Natália, foi colega na escola,
bailarina desde a barriga da mãe, com um talento belíssimo e muita garra para
também realizar os seus sonhos e de outras tantas meninas e meninos que
compartilham no mesmo estúdio.
Mariazinha como é chamada por lá, é muito feliz com tanto
carinho que recebe dos colegas, das professoras e da família Azevedo, como mãe agradeço eternamente.
Eu tenho a discordar da terapia quando diz que não podemos realizar
os sonhos em nossos filhos. Ela faz o que ama, eu a deixo fazer o que amamos.
Em questão, o estúdio de dança Natália Azevedo se encontra
ao lado do Hospital Manoel Novaes, o telefone é (73)3613-7274
Tenho dito, tem coisas que devem ser registradas!
Juliana Soledade
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