Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

27 de fevereiro de 2013

Jeito Mãe de ser


Hora cheia, meio dia. Após deixar o turno do trabalho e ir buscar a filha na escola, ainda no carro, sou surpreendida com questionamentos e confidências que me deixaram com o cabelo em pé.
- Mãe, preciso te contar uma coisa que aconteceu – Assim diz a menina com a voz doce e suave.
- Diga filha. - Arqueando as sombrancelhas e tentando enxergá-la pelo retrovisor.
- Neto, meu colega, me pediu em namoro – Disse colocando as mãozinhas no rosto.
- Como? – Pergunto perdendo a marcha, acionando a seta e tentando encostar o carro.
- Sim, mãe, ele me pediu em namoro. – Respondendo pausadamente.
- E você? O que disse? O que sentiu? – Passo as mãos pelos cabelos com a mente confusa.
- Ele me abraçou e, eu falei que gostei do perfume dele – Ela responde vermelhinha.
- Então? Aceitou o pedido de namoro? – Desejando internamente a resposta negativa, mas como sempre, ela me deixa pasma.
- Mãe, eu disse ‘mais ou menos’.
- Mais ou menos, filha? – O que seria namorar ‘mais ou menos’, penso eu. Pedindo aos anjos a maior serenidade e calmaria naquele momento.
- Sim, mãe, ‘mais ou menos’. Ele brinca com os amigos dele e, eu brinco com as minhas amigas. Mas, ele me abraça de vez em quando.
Retornei a pista, guiei o carro dispersamente entre as melodias que ecoavam das caixas de som, e uma série de pensamentos que inundavam a minha razão ‘Mãe de ser’. Apesar de receber os confortáveis ventos frios do ar-condicionado, minha Maria continuava vermelha, como os quase 40 graus que se mantinham no exterior do veículo. Permanecemos mudas.
Ao acionar o portão eletrônico e aguardar ele abrir, passo os olhos no retrovisor e a vejo entre o cinto de segurança aguardando alguma fala minha, o olhar sereno confortou a menina que me confidenciava os primeiros flertes da vida dela. Ao descer do carro sou surpreendida, mais uma vez, recebo o abraço caloroso e agradável, ela encaixa a cabeça no meu peito, de modo que pode ouvir o meu coração e diz:
- Mamãe, eu te amo, não fica brava comigo. – Ela diz com calmamente com a voz mansa, mas com inquietude.
- Eu te amo, filha. E não ficarei brava. – Recebo outro abraço, ainda mais apertado, com afeto e minhas lágrimas.
As recomendações, dicas, conversas, mais confidências, diálogos com o ‘mais ou menos’, estão vindo, dia após dia. Eu continuo imersa de pensamentos que não consigo explicar, uma emoção de ver a filha crescendo e as responsabilidades caminhando lado a lado. Contudo, o companheirismo e cumplicidade ‘mãe-filha’ é a minha maior satisfação, claro, a orientação, razão e os cuidados são maiores do que sensação de curtos momentos de comoção. 

Juliana Soledade
Itabuna/BA, 27 de fevereiro de 2013

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E eu aqui que um dia me considerei uma "avó torta" enchendo os olhos de lágrimas... Maria que ao conhece-la a conquista foi em pequenos passos, tenho a Felicidade de hoje poder ver e comemorar o seu crescimento e suas conquistas.

Tia Rose Lima

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