Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

24 de novembro de 2012

Não sou vadia!


No ano passado, deu-se início à marcha no Canadá pela maneira como a polícia tratava os casos de abuso sexual, na Universidade de Toronto. Um determinado policial indicou uma maneira de combater o abuso e diminuir os números, orientando para que “as mulheres evitassem se vestir como vadias para não serem vítimas”.  Como réplica, muitas mulheres foram à rua, para que então pudesse defender o seu “direito de ser vadia”.
Este evento é abraçado por quase toda a esquerda, logo quem não é a favor da marcha é tido como de direita. Fico neste meio, se é que assim podemos chamar ’de direita’. Não consigo somar ao coro e ser mais uma a ir às ruas defender algo que o próprio nome é esdrúxulo, medíocre e infeliz.
Eu sou mulher e sei o poder de uma saia curta, de um vestidinho mega colado com decote ou aquela calça que mais parece ter entrado a vácuo. Os homens se sentem despertados e alvoroçados, por causa, justamente, da maneira como nos permitimos ser adornadas.
Logo, para quem quer respeito, o modo de se vestir deve ser pensado também, bem como as suas atitudes e o seu modo de permitir ser tratada. Claro que isto não deve ser lido e nem interpretado que quem tem essa postura deve ser abusada sexualmente ou violentada.
Uma coisa é ser contra ao machismo, reprovar o seu conceito, o seu argumento; outra coisa é assinar publicamente o gosto ou orgulho de ser vadia e até concordar no ato de repúdio das canadenses.
Concordo que devemos ter a nossa voz na rua, buscar meios de prevenção à violência, gritar pelos nossos direitos, esbravejar quando o poder público não cumpre com as suas obrigações, expor e exigir as nossas garantias previstas, mas, cá entre nós, o nome pode ser melhorado. Vi mulheres, mães, esposas, guerreiras, estudantes, mulheres que possuem uma série de atribuições, que são multiatarefadas, para levarem o nome de VADIA?
Perdoe a sinceridade, mas eu não sou vadia, eu sou mulher que busco o respeito, seja em atitudes, seja no modo de se vestir. Busco o meu cantinho a ferro e fogo nesta sociedade corrupta e nojenta em que vivemos. Vadia tem um significado feio, pesado, negativo e, aos meus olhos, este nome tem uma outra dimensão.
A mudança da nomenclatura dessa marcha seria o primeiro passo para que, quem sabe, eu pudesse apoiar. Marcha das Marias soaria muito mais bonito, politizado, e chamaria atenção do mesmo modo.


Publicação autorizada: 
http://www.pimenta.blog.br/2012/11/26/nao-sou-vadia/
http://www.radarnoticias.com/colunas/14318/nao-sou-vadia-27-11-2012/
http://www.otabuleiro.com.br/blog/?p=34072

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Infelizmente vivemos em uma sociedade que, ao invés de se evoluir totalmente, parece regredir. Também acho esse nome horrivel, desrespeitoso, e que acaba distorcendo o real objetivo do manifesto. Acredito que toda mulher que se valoriza pode e deve usar aquilo que lhe convém, que a faça sentir-se mais confortável, atraente, mas que obviamente não tire o pudor de sua beleza. Nós homens gostamos sim de apreciar aquela moça de saia justa, aquela de roupa colada, ou com aquele short pequeno. Mas com certeza valorizamos mais ainda aquela que realmente se valoriza, e se respeita, independente da roupa.

COM UM NOME DESSE FICA BEM DIFICIL ADERIR

CONCORDO COM VC JULLY

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