No ano passado, deu-se início à marcha no Canadá pela maneira como a polícia tratava os casos de abuso sexual, na Universidade de Toronto. Um determinado policial indicou uma maneira de combater o abuso e diminuir os números, orientando para que “as mulheres evitassem se vestir como vadias para não serem vítimas”. Como réplica, muitas mulheres foram à rua, para que então pudesse defender o seu “direito de ser vadia”.
Este evento é abraçado por quase toda a esquerda, logo quem não é a favor da marcha é tido como de direita. Fico neste meio, se é que assim podemos chamar ’de direita’. Não consigo somar ao coro e ser mais uma a ir às ruas defender algo que o próprio nome é esdrúxulo, medíocre e infeliz.
Eu sou mulher e sei o poder de uma saia curta, de um vestidinho mega colado com decote ou aquela calça que mais parece ter entrado a vácuo. Os homens se sentem despertados e alvoroçados, por causa, justamente, da maneira como nos permitimos ser adornadas.
Logo, para quem quer respeito, o modo de se vestir deve ser pensado também, bem como as suas atitudes e o seu modo de permitir ser tratada. Claro que isto não deve ser lido e nem interpretado que quem tem essa postura deve ser abusada sexualmente ou violentada.
Uma coisa é ser contra ao machismo, reprovar o seu conceito, o seu argumento; outra coisa é assinar publicamente o gosto ou orgulho de ser vadia e até concordar no ato de repúdio das canadenses.
Concordo que devemos ter a nossa voz na rua, buscar meios de prevenção à violência, gritar pelos nossos direitos, esbravejar quando o poder público não cumpre com as suas obrigações, expor e exigir as nossas garantias previstas, mas, cá entre nós, o nome pode ser melhorado. Vi mulheres, mães, esposas, guerreiras, estudantes, mulheres que possuem uma série de atribuições, que são multiatarefadas, para levarem o nome de VADIA?
Perdoe a sinceridade, mas eu não sou vadia, eu sou mulher que busco o respeito, seja em atitudes, seja no modo de se vestir. Busco o meu cantinho a ferro e fogo nesta sociedade corrupta e nojenta em que vivemos. Vadia tem um significado feio, pesado, negativo e, aos meus olhos, este nome tem uma outra dimensão.
A mudança da nomenclatura dessa marcha seria o primeiro passo para que, quem sabe, eu pudesse apoiar. Marcha das Marias soaria muito mais bonito, politizado, e chamaria atenção do mesmo modo.
Publicação autorizada:
http://www.pimenta.blog.br/2012/11/26/nao-sou-vadia/
http://www.radarnoticias.com/colunas/14318/nao-sou-vadia-27-11-2012/
http://www.otabuleiro.com.br/blog/?p=34072
Categorias:
desabafo,
Marcha,
mulher,
protesto,
respeito,
sociedade,
vadias
http://www.otabuleiro.com.br/blog/?p=34072