Não ser uma homicida não faz
de mim uma pessoa melhor. Não ser latrocina não me transforma em alguém mais
honesta ou melhor do que qualquer outra. Calma!
Essas são atitudes que não
tenho qualquer vontade de fazê-las. É uma conduta consciente, um acordo selado
que envolve a moral e costumes que não me traz a vontade de realizá-las.
Existem outras atitudes que
podem fazer de mim uma perversa. O mal nas coisas que não enxergo e não
compreendo dos sinais ao meu redor. Explico: o mal existe quando não aperto a
mão de um subordinado porque ele é inferior a mim. Quando não me preocupo com o
caixa da quitanda que já faz quinze dias que não o encontro em sua ocupação
habitual, no copo d’água que deixei de oferecer a quem não teve uma boa notícia
ao falar ao telefone.
Na minha cabeça o perverso
sempre habita no outro: quando me oferecem o troco errado [e eu já imagino ser
propositalmente, nunca que ele possa está abalado por algum motivo]; quando
furam a fila [e eu sempre penso que es
teja querendo tirar vantagem, sem
compreender que ele possa está acometido de alguma enfermidade]; quando envio
um texto dedicado e não tenho resposta, afinal destinei meu tempo e palavras do
dicionário e a pessoa não me concedeu nem um sorriso amarelo [nunca quero
pensar que a pessoa simplesmente não goste de ler ou que esteve abarrotada de
trabalho].
Claro, estamos SEMPRE
buscando justificativas para nos absolver de um júri formado em nossa cabeça. A
culpa é sempre do outro, a minha culpa deve ser anistiada em primeira instância.
Estou reagindo, antes que seja tarde demais, a cada vez que a minha cabeça
tenta me absolver e absolvo o outro, talvez a perversa seja eu se agir
diferente. Não estou querendo buscar a vítima e o culpado nas mais diversas
situações que nos acontecem.
É uma mania de obrigar
aqueles que nos rodeiam a nos recompensar pelo bem que achamos que fizemos, ou
quando temos atitudes negativas precisamos ser entendidos, porque tudo tem um
motivo e tivemos os nossos para agir assim, do contrário é muita crueldade.
Pomos o culpado numa cadeira
elétrica e damos a pena mais pesada por suas batalhas e sempre tentamos
convencer aos jurados sobre as nossas possíveis finalidades a fim de que nos
seja concedido não uma pena, mas uma benesse em público, sim, sempre em público.
Se colocar na cadeira do
culpado é difícil, sobretudo quando falta empatia, quando os olhos não são
capazes de enxergar o que acontece em nossa volta, quando somos tão desatentos
que convidamos o ego para ser o nosso par.
Crônica produzida para o Jornal A Região publicada no dia 15 de Outubro de 2016.
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