Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

19 de maio de 2015

Ser mãe é amar com dor

Olhar para Maria é sempre uma poesia a ser desvelada, primeiro porque é de tamanha simpatia e beleza que nem sempre os meus olhos são capazes de decifrar, segundo porque além de derramar cuidados por mim e por seus pares, ela consegue acalentar com gestos mínimos desde o meu coração desenfreado até os meus mais intranquilos passos.

Não consigo contar em dedos quantas foram às vezes que ‘abri o jogo’, que expus sem medo das minhas dificuldades, dos medos desesperadores, das minhas perdas ou tristezas. Uma menina que consegue entender as minhas angústias e apaziguar minhas inquietudes com palavrinhas mágicas: ‘tudo vai ficar bem, mamãe’. E tudo fica bem. Parece-me sempre bem apropriado o seu nome: Maria, que vez ou outra toma as rédeas e se torna a mãe protetora. Ainda, talvez, seja essa a razão que eu não consiga chamar pelo seu nome Maria Fernanda, o Fernanda nunca me trouxe tantos motivos como o Maria.

A vida de fato começou para nós duas não quando escutei o seu coraçãozinho agitado bater, mas quando sozinha ninava um bebê de dois anos. Após esbravejar o primeiro divórcio aprendemos a caminhar de mãos dadas e firmemente unidas para a continuidade da vida. Descobrimos a força e coragem para num momento conturbado enfrentar um caminho possível para vencer os nossos próprios limites.

Embora traços de tristeza e embaraços tenham atingido em cheio algumas de nossas passagens, acredito que nada seja por acaso. O período mais difícil sempre passa e aprendemos a nos recompor, e mesmo no meio de tantos turbilhões, Maria apresenta a leveza, além disso, revela diariamente que mesmo com tantos questionamentos sobre a vida e o futuro sou a mãe que ela precisa ter, exatamente do jeitinho que ela necessita. Em contra partida, tento ser uma mãe possível, desesperadoramente racional. Em poucas palavras filho é amar mais do que a si mesmo. É encantar-se, desesperar-se e inclusive proteger dos perigos nem tão perigosos assim.

O lamento da ausência paterna no início dos tempos se confrontou com a possibilidade de ser mais presente, mais inteira. A sensação que me incomodava naturalmente foi transformada em conforto, Maria encontrou um ‘painho’ para amar e contribuir na educação sem se tornar um fardo pesado. E ela desvendando um herói sem asas escondido debaixo do mesmo teto, formando quase sempre uma dupla imbatível difícil de ser abalada.

E nesses seus quase nove anos de vida, eu que nasço de novo, centenas de vezes só para ser um pouco melhor para você.


(sim, um texto sem motivo, sem porquês, sem razões definidas, surgiu apenas para eu atestar a minha gratidão por sua vida).

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