Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

23 de abril de 2015

Desatino

Meu Querido Don Juan,

Vivemos em reinos e irmandades proibidas, contracenando em vidas que não nossas. Sou o transbordamento de minhas confusões e preciso que ajude a definir a cor da minha pele, o gosto do meu sorriso, o sabor do meu suor, as minhas características tão abandonadas.

Você é a minha primavera colorida que dissipou o invernou sombrio, e apagou o fogaréu do infernal mundo de Dante. Agora é hora de reconstruirmos a nossas vidas. Quero oferecer um hoje certo para ser o nosso sempre, assim o nosso amor será sempre certeza, desejo, espera e compreensões, sem tempo definido, respeitando o nosso ciclo de vida.

Em seus braços não me sinto ameaçada ou lutando incessantemente contra aqueles moinhos de vento de D. Quixote. Contigo eu tenho o exílio e o descompasso da minha respiração. Em ti eu tenho a melhor visão de mim mesma.

De repente eu mergulho num mar de ousadia, apressadamente me visto como uma dama a ser desejada. Uma ansiedade que fazia meu coração saltar pela garganta. Admirei-me no espelho, munida do melhor vestido decotado, um perfume atraente e com joias em seu devido lugar, completamente pronta para lhe encontrar de surpresa. Partilhar um pouco do seu mundo, que parece tão impossível.

Eu imaginei mil maneiras de abordá-lo, todas pareciam ridículas. Por segurança fiz um bilhete no guardanapo, mas quando ouvi sua voz meu coração sacolejou feito escola de samba em dia de carnaval. Inconsequentemente fui ao seu encontro, gostaria que visse a sua cara de espanto quando me viu frente a frente! Mal nos falamos. Um cumprimento formal e sucinto, digno de quem estava acompanhado.

Eu, revestida de egoísmo, nem imaginei que poderia causar constrangimentos. Elegante e distinto tomou o papel de minhas mãos. Nossos olhares se encontraram em todos os lapsos de trégua. Não havia mais nada a fazer, a não ser aguardar que me telefonasse.

Mal pude acreditar que em poucas horas poderia me derramar em você numa terra tão distante. As fronteiras racionais foram atiradas. Tínhamos urgência de amor. Ousamos sem arrependimento para nos amar loucamente até a exaustão. Degustei cada pedaço do seu corpo, mergulhei fundo em meus delírios e adormecemos agarrados feitos um. Uma viagem incrível para resgatar as minhas forças perdidas.

Até o próximo desatino,
Stella,



Comentários
0 Comentários

0 comentários:

Postar um comentário