Bacharel de Direito, estudante de Teologia, pós graduanda de Direito, escritora, empresária e blogueira. Quase mulher, quase gente, quase anjo, quase santa. Apaixonada por nuvens e mar. Nem muito doce e nem tanto amarga. Feita de carne, osso, pele, cor e poema.

3 de julho de 2014

Cotidiano

O telefone tocou cinco vezes antes de eu sair para a faculdade. O whatsaap apitou as 1233 mensagens de sete conversas diferentes. Li algumas notícias globais pelo tablet que já fica bem posicionado no criado mudo para facilitar, tanto antes de dormir, como ao despertar. Vibrei com algumas informações, entristeci com outras. Ingeri três dos cinco compridos necessários pela manhã. E, ainda deitada, fiz a leitura enfadonha do obrigatório. Pisei no tapete e repentinamente a cabeça já começou a doer.

Buzinas, picas-alertas e gritaria às sete da manhã. Pessoas atravessando a faixa de pedestre no momento errado e veículos invadindo o sinal vermelho. Uma obra inacabada trazendo transtorno a uma população indigesta. Um triste desrespeito com o velhinho, mas carro parado para a gostosona de short curto e blusa decotada. Um buraco inesperado e a gasolina em alta. “Eita, Brasil”, penso eu.

Em meio a tantas informações, nem sei mais no que pensava em um minuto atrás.
O chefe coloca três envelopes sobre a mesa para resolver pendências. A caixa de e-mails pede solução, breve e sucinta. A secretária desespera com os prazos. Os sites regionais apontando problemas, transtornos, impasses.

Estou ao celular num ouvido, com o telefone preso pelo ombro no oposto, cinco pessoas me pediram solução de problemas outros, a agenda deste ano já esgotou. Mais três e-mails chegaram, e o whatsaap ainda não parou, nem eu.

É melhor produzir, render, executar, pensa o superego. O cliente tem pressa. E eu também.

Não vi o correr do dia, não vi o cenário, não observei o sapato novo da secretária, e sequer percebi que aquele cliente regular estava com a voz rouca. Muito menos vi o inverno chegando, não senti o vento, nem percebi que o dia está se despedindo mais cedo.


A vida quando para é tarde para ser cedo demais.

Juliana Soledade

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